domingo, 7 de junho de 2020

DEGUSTAÇÃO GRÁTIS PRIMEIRO CAPÍTULO

VÁ ROLANDO O MOUSE E BOA LEITURA DA DEGUSTAÇÃO GRÁTIS DO LIVRO 
AMAR AINDA VALE A PENA
COM AMOR !
AUTORA: CLEIDE REGINA SCARMELOTTO



Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena

Acreditar no sonho que se tem...Ou que seus planos nunca vão dar certo,Ou que você nunca vai ser alguém (RENATO RUSSO)
Eu e meu livro na Bienal do livro
A imagem pode conter: 1 pessoa

Por favor amigos, apoiem meu trabalho de escritora curtam minha fan page:

CleideRegina Scarmelotto



Amar Ainda Vale a Pena
São Paulo
4ª Edição – 2020























Copyright ©2009 – Todos os direitos reservados a:
Cleide Regina Scarmelotto




ISBN: 978-85-7893-365-4




4ª Edição   
2017

Direitos exclusivos para Língua Portuguesa cedidos à
Editora Raízes da América.

Rua Barra Mansa 252 
São Paulo – SP – Brasil CEP 02337-040


  Contato :(11)97478 2468






Todos direitos são reservados à Editora Raízes da América.




Sumário



Introdução 5
Dedicatória 6
Agradecimentos 7
O amor e as mudanças 8
O orgasmo 32
O bebê está chegando 43
Amor e sexo depois dos 50 53
Amor e sexo nos deficientes 63
Existe diferença entre paixão, amor e desejo sexual? 76
O homossexual, a religião e a ciência. 93
As Confusões do Amor 113
O amor divino e a ciência moderna 129
Referências Bibliográficas 143





Introdução

Este trabalho objetiva abordar o amor, em diversas aplicações da vida humana, de forma simples, ou seja, não se pretende conceituar o que é amor, mas trazer uma reflexão acerca dos conteúdos que podem envolvê-lo. Nesta pesquisa foram encontrados apenas exemplos de vida, do que poderia ser amor e do que poderia ser desejo, do que é frustração e comportamento gerador de conflito. A psicologia foi a ciência fundamental para este ponto do livro, mais especificamente a psicologia comportamental e a psicologia cognitiva foram de grande auxilio nesta construção. 
Foram levantados depoimentos reais por intermédio de um roteiro de entrevistas, para exemplificar o cotidiano de maneira realista. 
Procurou-se avaliar a possível diferença entre paixão, amor e sexo, compreendendo suas simetrias e divergências. Neste sentido, a pesquisa foi bibliográfica e também houve a entrevista de médicos, portanto, as áreas da ciência preponderantes foram medicina neurológica, psiquiátrica, e psicologia na área cognitiva. 
Avaliou-se a influência da religião na manifestação do amor, principalmente a religião cristã, no que se refere ao comportamento dos homossexuais, travestis e transexuais. Para tanto, a antropologia cultural foi de grande auxilio. Apesar de abordar pensamentos religiosos, não se trata de um livro religioso. Há também a abordagem acerca do “Amor Divino” articulado de algum modo a ciência, ou seja, a influência do Judaísmo e Cristianismo no surgimento da ciência moderna, apresenta-se uma gama de cientistas modernos que acreditaram na existência de Deus e seu amor.
Não há a pretensão de afirmar a verdade em sua forma absoluta no que se refere ao amor, logo, estas linhas científicas trazidas para enriquecer o debate, de modo algum são as únicas a tratarem do tema. Tendo em vista este contexto, não se intenciona a realização de uma construção fechada, impositiva ou ainda totalitária. 




O amor e as mudanças 

Comportamentos amorosos e sexuais vão se modificando aos poucos ao longo dos anos, variam de cultura e região, de acordo com influências religiosas, morais, éticas, influências da formação social e outras mais.
As abordagens a seguir, são extraídas de estudos históricos, sociais, psicológicos, também do cotidiano, de pesquisas empírica, sob aspecto de uma cultura latina que por sinal, sofre fortes influências ligadas ao machismo.
Em alguns momentos é mencionado, dentro destas abordagens, um mecanismo de defesa, da corrente Freudeana, conhecido como introjeção. O termo: “introjetar”, segundo a Ciência da Psicologia, significa um mecanismo de internalização real, comportamento do mundo externo, para o interno. 
Este termo pode ser entendido de uma forma mais ampla, porém, neste trabalho, terá sentido mesmo de incorporação. Neste sentido, a incorporação, funciona mais ou menos assim: uma pessoa incorpora, automaticamente, dentro de si, uma ideia de comportamento imposto pelo ser social que, por sua vez, é uma construção histórica de incorporações de outras sociedades e gerações sucessivamente. Nem sempre as pessoas questionam os valores que receberam ou os preconceitos que aprenderam. 
Nem sempre se rebelam, muitas vezes o que fazem é transmitir os valores e preconceitos enraizados no inconsciente para os filhos, que assentem como verdade, gerando um comportamento automático no cotidiano. Sem grandes trabalhos para pensar, refletir, questionar.
A formação social, isto é, as relações de produção, a economia, a política, e os aparelhos ideológicos de Estado determinam, como desejam que aja a grande massa populacional, a fim de que ninguém se rebele contra o sistema de exploração dos grandes monopólios sobre as demais classes da estratificação social. E na sequência a exploração do homem por sobre a mulher, ao questionar o papel da mulher dentro da a sociedade, automaticamente voltamos aos primórdios da existência de nossa sociedade, considerando a formação do sujeito, seus grupos e classes sociais com valores e preconceitos e estigmas enraizados cruelmente. A introjeção é um mecanismo que funciona como adoção de regras e comportamentos como meio de proteção que livra o indivíduo de uma situação ameaçadora ou perigosa. 
Ela se inicia na infância, a partir daí a criança começa a aceitar como verdade regras e valores sociais, sem questionar, nisto, quando as crianças tem idade muito tenra, aprendem também a serem racistas, homofobias e outras coisas mais, já que ainda a criança não tem ainda uma opinião formada sobre a vida, mas porque isto nos foi imposto. O processo de inserção social, passa por este mecanismo, que se por um lado pode ser uma forma de desenvolver hábitos, podendo assim ser extremamente positivo ou destrutivo. 
Depende do que é trabalhado como valor e o significado que se dá aos desígnios deste enraizamento em potencial.
 Assim, como os valores podem formar uma pessoa para o bem, também existe o perigo de algumas ideias que são introjetadas coletivamente em alguns grupos sociais, e governam os nazistas, machistas, membros da Ku Klux Kan, racistas, homofóbicos, skin heads, são exemplos que acabam sendo introjetadas em pessoas que não pesquisam e nem questionam nada que lhes foi dado como empático pelas introjeções, passam a adotar como seus valores como corretos, arrasando com minorias.
As introjeções manipuladas pela mídia e pela igreja, vão disseminando valores e preconceitos, muitos preferem, ainda, reproduzir os modelos que elegeram como válidos, sem pensar por si mesmos ou ainda estão em processo de formação e não tem maturidade para questionar com retidão. 
Conceitos sobre o amor e relacionamentos, estão incluídos nos interesses de quem determina o que é desejável ou não, para o bom funcionamento da existência da sociedade capitalista de consumo.
Para Granato (2003, s.p.),
[...] meninas recém-nascidas costumam ser definidas pelos pais no diminutivo. Elas são ‘fofinhas’, ‘pequeninas’, ‘delicadinhas’. Já os meninos muitas vezes são descritos no aumentativo – ‘lindão’, ‘fofão’. Conforme as crianças crescem, diz o estudo, os pais – especialmente o pai – as estimulam a brincar com brinquedos específicos para cada sexo. O mesmo estudo descobriu que os pais passam mais tempo conversando com as filhas do que com os filhos, mas dão a elas menos autonomia do que a eles. Já em relação aos meninos, os pais reforçam o extravasamento de emoções, desde que não daquelas que possam ser tomadas como indicação de fraqueza.

Quem é consciente questiona os valores, vai perceber que há um engodo em tudo que é imposto como bom, verdade, correto, errado, moral, imoral... já  o ser alienado se recolherá a á um comportamento de obediência e vai seguir sem questionar.
Outras questões que fluem, são assuntos relacionados com virgindade, machismo, feminismo, sexo antes do casamento, prazer relacionado com pecado, repreensões diversas, e muito mais.
As pessoas vão modificando os comportamentos lentamente, mas mesmo que não percebam, nem assumam, ainda carregam preconceitos naturais das introjeções de valores das gerações passadas, relacionados a estes assuntos, rotulam mulheres, homens, inventam nomes ofensivos para determinados comportamentos vinculados à sexualidade.
Novas linguagens para os velhos comportamentos vão sendo inseridas de geração em geração, e aquelas ideias da geração passada, ainda que não se admita ainda vai estar muito fluente no inconsciente da nova geração.
Com a descoberta da pílula contraceptiva, houve grande estímulo a revolução sexual, mesmo com liberdade sexual, ainda assim, havia pessoas  supervalorizando a virgindade ainda, pois, as  pessoas tinham ideias  introjetadas das gerações passadas, que mesmo com a nova gama de ideias ancoradas na descoberta da pílula e movimentos feministas, no que se referia ao casamento, (por mais que homens se comportassem com diversas namoradas de forma aberta), quando iam se casar; buscavam uma mulher virgem!
Ao longo dos séculos, à virgindade foi atribuído diversos significados, e os conceitos de ¨virgindade¨ foram sendo construídos pela sociedade, a qual ao desenrolar da história os critérios sobre quando, como, e onde as pessoas deveriam deixar de serem virgens. Ha muitos anos, havia muito zelo em torno da virgindade, o foco de zelo, era voltado apenas ao sexo feminino. Os garotos na puberdade, eram levados pelos seus pais em casas de prostituição, para os pais saber que o filho homem já iniciou a vida sexual. Se tornou um orgulho.
Quanto às meninas, recebiam instruções de que o sexo era sujo, e que ela jamais poderiam fazer, ou se fosse fazer, apenas depois que casasse. E assim foram criados conceitos, regras, estigmas, tabus, preconceitos... Ao longo dos anos foi se estabelecendo a regra de que poderia ter sexo somente se amasse muito um homem, e havia imposição de que a moça que tivesse relações sexuais com o namorado, antes do casamento, deveria se casar com ele, não podendo nunca mais ter outros homens.
Nada do que foi construído, de valores e preconceitos na sociedade capitalista de consumo, se deu ao acaso, ou por moralismo apenas, na  luta pela construção do Estado e na defesa da propriedade privada, num tempo do qual não existia exames de DNA, a virgindade era sinal de honra e honestidade de uma moça que ao se casar, além de levar um bom dote, garantia ao homem, uma segurança maior de que aquela jovem que seria mãe de seus filhos seria uma mulher fiel que garantiria que aos herdeiros, uma certeza  de que terras, bens, propriedades e dinheiro  estaria nas mãos de um “filho de sangue”, digno  de permanecer, e perpetuar também aos descendentes, o nome, as propriedades, e os bens da família. 
Com o fortalecimento do sistema econômico do capitalismo, o estímulo da revolução e liberação da mulher dentro de intentos capitalistas, a virgindade também passou a ser tratada como mercadoria, moeda de troca, como comércio, e depois com a indústria do sexo, se tornou uma trave que  só incomoda, alvo de competição entre meninas que anos depois da repressão, disputariam quem iria perder primeiro. 
Novelas, filmes, revistas frequentemente lançam ideias de desconforto, para quem se mantem virgem, e a sexualidade é colocada nos dias atuais como algo errado, ridículo, fora de moda, e muitas adolescentes influenciadas não somente pelo bombardeio das mídias, mas também pelo grupo social, se tornam desesperadas para deixarem de serem virgens, como se tivessem em si algo fora do contexto.
A virgindade passou de valores atribuídos pela sociedade tais como honra, para desonra, e em todos os temos foi banalizada rompendo o verdadeiro sentido da vida.
Bozon e Giami (1999) rejeitam a abordagem naturalista e biologizante do sexo. Segundo os antropólogos (Loyola, 1998), a análise da vida sexual envolve a referência ao biológico e à regulamentação social. A sexualidade constitui o pilar sobre o qual se assenta a própria sociedade e, de acordo com Foucault (1988), consiste num dispositivo de poder. Ela está fortemente impregnada de relações assimétricas entre os sexos e revela de forma contundente as relações entre o biológico e o social
Na realidade, tudo depende de pessoa para pessoa, e o momento de iniciar a vida sexual varia muito de acordo com, idade, história de vida, da educação, cultura, religião (há religiões que instrui que as pessoas só pratiquem sexo dentro do casamento, sejam rapazes ou moças).
Acima de tudo, o que conta de fato na vida sexual, é saber o momento certo de iniciar a primeira vez,  baseado no próprio desejo natural, e a necessidade intima de que se realize, e que proporcione um início saudável de forma natural e boa, com prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, e gravidezes indesejadas. Cada um deve ter autonomia de escolher.
A primeira vez, tanto da mulher quanto do homem, é muito importante, vai marcar e construir a história, e a própria sexualidade. Iniciar a vida sexual, não deveria ser focado como uma perda, e o termo “perder a virgindade”, deveria ser trocado por iniciar a vida sexual, tanto para o rapaz quanto para a moça, começar a conhecer a vida adulta através da primeira relação sexual, é um ganho, e não uma perda. O início não deve ser por modismos ou por que os amigos todos já começaram a vida sexual deles, por impulso, ou por encontrar um par que se buscou desesperadamente, para o fim  “perder  virgindade” sendo com qualquer pessoa, e de qualquer jeito.
Ações impensadas, forçadas ou despreparadas, na vida sexual não pode  acarretar em problemas emocionais e até  disfunções sexuais.
E as disfunções podem afetar rapazes e moças, para rapazes, as disfunções sexuais mais comuns, giram em torno de ejaculação rápida ou atrasada, ou seca, a perda de ereção, falta de desejo sexual ou até um desejo exacerbado, podendo provocar uma compulsão sexual. Quanto às meninas, as disfunções aparecem através do vaginismo, (Não consegue ter penetração, ou tem uma penetração incompleta, acompanhada de ardência, dor, desconforto grande, com uma musculatura que tranca o canal vaginal) dispareunia (dor na relação sexual), ou anorgasmia,(Não consegue ter orgasmos) ou  baixo desejo sexual entre outros.
 Também a construção do amor próprio, é preponderante para que haja segurança em saber no amadurecimento, qual é o momento certo não de perder algo, mas sim, sim iniciar e ganhar experiência.
Refletir sobre amor e sexo implica em assentir o sexo como fonte de motivação e vida, quando aliado às emoções, a energia do amor é forte e avassaladora, pois ele é a força da multiplicação, alegria de viver, motivação e relaxamento. 
Relacionar-se é uma arte, tanto de se amar e amar o outro em equilíbrio e harmonia com objetivos comuns.
O sucesso de um relacionamento, não depende apenas da essência dos sentimentos crus e idealizados, há muitos parâmetros introjetados muito antes de existir o mundo como existe nos moldes ocidentais contemporâneos, a essência do sentimento permanece igual, porém na sociedade capitalista de consumo, move força sobre o amor, influenciando regras sociais e políticas nos atuais moldes, a materialidade é fator preponderante, assim bem como a responsabilidade com contas de consumo, moradia, e manutenção da vida com todas as necessidades da sociedade atual,  para a existência e continuidade do amor .
No Brasil, as grandes cidades da Sociedade Capitalista de Consumo, constroem relações pautadas em diversos interesses, sendo o lucro um dos principais interesses que move a sociedade. Portanto, a mídia e manipula a   massa, primando o lucro das grandes elites e a continuidade constante de exploração, para que os pobres jamais percebam os monopólios de exploração, os comportamentos de quem não quer ter o trabalho de pensar, se rendem à mercê de pareamento de ideias, que trabalham a favor do capital, a fim de hipnotizar e cegar a sociedade para interesses escusos. Havendo manobra em ideias que rondam amor e  sexo, casamento, virgindade, família e afins. Desde a colonização do Brasil, o papel da mulher brasileira funcionou a fimde servir ao homem, as mulheres foram reduzidas a objetos de domínio e submissão por receberem um conceito disfuncional, tendo sua real influência na evolução do ser humano, cortada em mil pedaços e jogada ao vento.
Para uma visão das primeiras mulheres brasileiras, se pode usar o olhar que consta da obra organizada por Del Priore (2001), iniciada com relatos de viajantes que observaram a cultura indígena no Brasil colonial (p. 11).
No Brasil Colonial, a função da Igreja Católica, era castrar veemente  a sexualidade feminina, tendo contraponto principal a introjeção de que o homem fosse superior, com plenos direitos do exercício da autoridade. As damas carregavam  peso do pecado original, eram apedrejadas consideradas as culpadas de todo pecado do mundo, nesse sentido eram vigiadas por todos sempre, estes pensamentos foram diluídos mas  a crença e representadas por Eva, o medo, acompanhou e,  ainda acompanha a vida de algumas mulheres, a evolução e o desenvolvimento feminino ficou restrita aos sentimentos de culpa e papéis de santidade. 
Houve um dado momento histórico, em que grandes interesses, moveram a mulher dona de casa de seus lares, para  que surgisse a mulher de classe média e de classe média alta como mulher independente financeiramente, pois as mulheres extremamente pobres sempre trabalharam desde os tempos do Brasil Colônia, sempre tiveram de contribuir com a renda da família, mesmo não podendo sua renda fazer de si uma mulher independente economicamente.
Num momento histórico de grande expansão industrial, incentivaram a mulher de classe média e classe média alta, que antes eram dondocas mantidas pelo homem, não somente ter independência financeira.
Além da mulher abastada, ficar independente do homem, tanto as mais abastadas quanto as mais pobres, conquistaram direito ao voto, este momento de consciência social e política abrangeu todas as camadas da estratificação social, todas podiam votar, porem muitas delas acostumadas a sujeição, seguiam a opinião política do marido.
A liberação feminina, nasceu com construção de significados que  representassem esta nova mulher no Brasil.
As mídias no cinema, televisão e revistas, foram  desencadeando mensagens da libertação da mulher,  a partir da linha de tempo histórico-cultural relcionados ao evento da insersão da pílula anticoncepcional no mercado, e a temática focou-se em  análise de fenômenos, ditados pelos padrões dos feminismos, com expressões e representações próprias, incentivando a liberação da  sexualidade feminina, com introdução de luta por igualdade política, luta pelos direitos civis iguais em relação aos homens. 
Porém também é possível que os temas tenham sido  manipulados pelos interesses da indústria farmacêutica em enriquecer, a devolutiva ao público feminino leitor destas mídias todas, tiveram discursos ideológicos materialistas de encher os bolsos de donos de laboratórios.Mas o que foi feito neste tempo, que estimulou a liberação feminina, era muito diferente dos ideais feministas legítimos. Além de tudo, as mulheres indepentdentes, fora do ambiente doméstico seriam mais consumistas e movimentariam a economia, por causa do fetiche da mercadoria, a sedução e apelos diversos fizeram surgir a dita: “nova mulher”, o engajamento da  libertação  feminina, veio de encontro com outros interesses. Que seria diferente da real libertação da opressão feminina de fato.
Na inspiração da escrita do  ‘Manifesto Comunista’, Marx e Engels tocaram na questão de que as classes dominantes oprimiam as mulheres, deixandoa-as sob insignificância de uma segunda classe de cidadania na sociedade e na família. Segundo os autores,a exploração so homem, sobre o homem, é na realidade, a exploração do homemsobre a mulher.
Sob forte análise de que o homem da classe dominante, enxergava na esposa um mero instrumento de produção… criada para servir ao homem, ao lar, libertar a mulher, poderia acabar com a possibilidade  de que as mulheres fossem meros instrumentos de produção, servidora braçal de seus homens.
As casadas eram faxineiras, arrumadeiras, cozinheiras, lavadeiras, passadeiras, babás, educadoras, amantes, parideiras em uma única esposa submissa e fiel.
As introjeções doas anos passados muito remotos antes de 1910 permaneceram remanescente, pois as mulheres, aceitam dupla jornada e continuam a desempenhar o trabalho braçal doméstico, passadas estas raízes de papéis atribuídos ao feminino,   trouxeram um aspecto do qual, o amor caminha como espécie de aniquilação da verdadeira libertação feminina, moldando a mulher para servir ao homem sempre, estigmatizando-a caso não seja fiel e nem cumpra os papéis designados, pelas regras da monogamia, as manipulações sociais incitam ainda  a mulher almejar um casamento nos moldes tradicionais, com direito à vestido de noiva e grinalda, aliança, igreja, lua-de-mel,  tipos de relações e papéis que torne a mulher multifacetada, trabalhadora heroína  de jornada dupla,  que serve ao homem no século XXI, como vem fazendo há séculos,  na manipulação de massa não falta, um sinônimo de felicidade do qual a maioria de finais felizes de novelas são com a mocinha se casando toda vestida de branco com seu galã, sendo sinônimo de vergonha feminina “ficar para titia”, ser “solteirona” e “encalhada” é colocado como algo anormal e humilhante, também a maternidade tem prazo certo para ocorrer e é encarada como modelo de felicidade. Além de haver o discurso de que o sonho de toda mulher é se casar e ter filhos. 
Tudo aquilo que foi introjetado na sociedade, sobre, família, maternidade, virgindade, poder, machismo, feminismo, permanece vigente e modificações são raras, os objetivos permanecem e são disfarçados com pinceladas da modernidade, e a falsa liberdade feminina,  porém impera mesma essência,  que é  alimentar o objetivo do Estado Autoritário, preservando sua estrutura econômica através da continuidade da família patriarcal como sua unidade social primária. 
Nos tempos contemporâneos, o modelo de família antiga foi deixando de ser considerado único,  para dar abertura a casais gays com  filhos, vindo a existir sem o peso do preconceito o passsado, contratos homo fetivos, assim bem como pais solteiros mães solteiras,e outros modelos mais, que antes eram totalmente rechaçados, foram apoiados e estimulados, não que sejam errados, não são modelos errados, mas eles só foram apoiados depois do Estado constatar que estes grupos movimentavam boa parcela do lucro, movimentando a economia, e tirando crianças de abrigos,orfanatos, insituíções, todo um mercado lucrativo, foi construído, e mesmo que a Ciência comprovasse vários estudos defendendo modelos não tradicionais de famílias, estes modelos só seriam e são apoiados, pelo quanto se representa de lucratividade e consumo para manter  vida igual a do patriarcado.
A origem da família, da propriedade privada e do Estado, tem fundamentos enraizados nos primórdios da história antiga e das sociedades primitivas, e houve um período histórico onde o matriarcado predominava e as mulheres realmente tinham liberdade. A fundamentação da família, nos discursos originados da religião e moral, nasceram na realidade, a partir de um princípio materialista, que foi construído em fases de desenvolvimento da sociedade, com progressos obtidos na produção dos meios de existência elencados ao exercícios do poder.
No mundo, ao longo dos séculos, a humanidade se dividiu em fases, e a primeira fase, teve início na pré-história, conhecida como o Estado Selvagem: foi uma fase marcada por, disputa de apropriação de território e coisas existentes na natureza.
Depois veio a fase da Barbárie: foi um período em que o homem se organizou mais e passou a se dedicar à criação de gado e à agricultura, com o início do incremento da produção, a partir da natureza, pelo trabalho humano.
Depois veio a fase da  Civilização: foi um período que coincidiu com a fundição do minério de ferro e a invenção da escrita alfabética, a partir daí  o homem ampliou os meios de produção dos produtos naturais, com organização da indústria propriamente dita e maior expressão da arte.
Com o passar do tempo, houve caracterização de tipos familiares e os sistemas de parentesco, suas formas de matrimônio que levaram à formação da família, descrevendo as suas fases, bem como os modelos criados ao longo do processo de desenvolvimento humano. 
Segundo a Ciência da Antropologia, no estágio primitivo, ocorria sem barreiras, relações incestuosas, da qual, as relações carnais eram reguladas por uma promiscuidade tolerante entre pais e filhos e entre pessoas de diferentes gerações, não havendo ainda, conceitos morais nem interdições ou barreiras impostas pela cultura da civilização, nem relações de matrimônio ou descendência organizadas de acordo com sistemas de parentesco culturalmente definidos, não é possível falar em formação familiar nesse período.
Então, houve três estágios evolutivos com origem na fase pré-histórica, de cultura que correspondem, por sua vez, três modelos de família: 
 A Família Consanguínea, que é expressão do primeiro progresso evolutivo, ainda não uma constituição de família, mas há um avanço evolutivo na medida em que excluem os pais e os filhos de relações sexuais recíprocas.
Os grupos conjugais classificam-se por gerações, ou seja, irmãos e irmãs são, necessariamente, marido e mulher, revelando que a reprodução da família se dava através de relações carnais mútuas e endógenas.
O  progresso avança para a   Família Punaluana, da qual já não mais ocorria  relações carnais entre irmãos e irmãs, surgindo a categoria dos sobrinhos e sobrinhas, primos e primas, manifestando-se como um tipo de matrimônio por grupos. Nesta evolução, a espécie humana, concebe um novo modelo de família,  um círculo fechado de parentes consanguíneos por linha feminina, que não se podem casar uns com os outros, consolidando por meio de instituições comuns, de ordem social e religiosa. Ampliando as proibições em relação ao casamento, tornam-se cada vez mais impossíveis as uniões por grupos, que foram substituídas impossíveis as uniões por grupos, que foram substituídas pela Família Sindiásmica, da qual surge os rituais e regras do matrimônio por pares, juntamente com este costume, se estabeleceu o autoritarismo machista, da qual a poligamia e a infidelidade permaneçam como um direito natural exclusivamente masculino, impondo às mulheres, rigorosa fidelidade, sendo o adultério feminino cruelmente castigado.
Entretanto, quanto mais as relações perdiam seu caráter primitivo por força do desenvolvimento das condições econômicas, tanto mais opressivas as relações se tornaram para as mulheres, já que elas deviam ansiar pelo matrimônio com um só homem, renunciando às disposições derivadas do matrimônio por grupos, o que ao homem nunca foi verdadeiramente proibido.
A monogamia das mulheres foi caracterizada pelas normas da  civilização. Foi necessário que as mulheres passassem ao casamento sindiásmico para que os homens encontrassem uma oportunidade para introduzirem a estrita monogamia, para as mulheres, eles continuariam poligâmicos, e assim se concretizou a regra, por que a partir do matrimônio sindiásmico, além da verdadeira mãe, passou a existir a figura do verdadeiro pai, este proprietário, não só apenas da força de trabalho, mas também dos meios de produção e dos escravos. Na mesma proporção em que o homem ganhou mais poder, em função do aumento das riquezas, esta  vantagem passa a influenciar não somente tudo à sua volta mas  na ordem da herança e da hereditariedade, provocando a abolição do direito materno em substituição à filiação masculina, hereditário paterno.
A origem da expressão família foi pronunciada  pelos romanos para instituir um novo polo social, do qual o chefe mantinha sob seu poder a mulher, os filhos e certo número de escravos, e o pátrio poder romano e o direito sob todos eles, sendo assim, a mulher tinha o papel de sujeição, e os filhos homens eram considerados sexo superior, em detrimento ao sexo feminino, o patriarcado foi o primeiro oficial, poder exclusivo dos homens no interior da família. A consolidação das regras e conceitos da família monogâmica, que surgiu no período de transição entre a fase média e superior da barbárie, expõe denota a grande derrota histórica do sexo feminino em todo lugar em que foi concebida a cultura de família patriarcal, ocasião também em que o triunfo da civilização nascente, se ancora no predomínio masculino do qual a finalidade gire em torno de procriar filhos cuja paternidade seja indiscutível.
 A monogamia surgiu na história de modo que escravizou um sexo pelo outro. E aquelas pessoas pobres sem terras ou propriedades, também eram incentivadas a entrar nos modelos e padrões ditados pelo patriarcado, sem questionar as razões destes comportamentos, as jovens mais pobres, queriam se casar virgens e vestidas de noiva, (Até hoje se almeja ainda,   casar vestida de noiva, mesmo que não haja mais a obrigação da virgindade), como ditava a regra do patriarcado, mesmo que o esposo não tivesse terras e bens, para os filhos herdarem, e almejavam provar honra e dignidade de uma mulher decente que garantia ao marido a legitima paternidade, pois a manipulação da massa que mantinha estes costumes, não conscientizava ninguém das verdadeiras razões e fatos das famílias se constituírem assim, e ficou tão introjetado que hoje, a sociedade concorda com o patriarcado. 
 Com base ao que já foi exposto, fica comprovado que a monogamia, é de interesse econômico, portanto, em hipótese alguma pode ser considerada, prova do amor sexual individual, pois suas bases não se originam da natureza humana, as bases sempre foram econômicas, isto é, nada mais do que a soberania da propriedade privada sobre a propriedade comum primitiva. Além do mais, a antiga liberdade sexual praticada em outros momentos históricos não deixou de existir com o matrimônio sindiásmico e nem com a monogamia. O que houve na sociedade, é que o homem  passou a ter  relações extraconjugais,  com mulheres não casadas, prostitutas, escravas, sempre exigindo fidelidade da esposa, durante o processo consolidado da civilização,  filhos “bastardos” surgiram e outras camuflagens sob o manto da monogamia como por exemplo o adultério com outras mulheres casadas, demonstrando de que o progresso manifestado nessa sucessão de matrimônios, cuja expressão máxima é a monogamia, consiste no fato de que se foi tirando, cada vez mais, das mulheres, a liberdade sexual do matrimônio por grupos, nem tampouco as mulheres deixaram de fugir destes padrões.
A monogamia, veio com a finalidade de favorecer a concentração de riquezas, simbolizando, na relação monogâmica feminina, a propriedade privada, a partir do momento em que os meios de produção se tornassem propriedade comum, a existência família individual deixaria de ser a unidade econômica da sociedade e, consequentemente, o fim da propriedade privada coincidiria com a  com a libertação sexual da mulher. Para Engels, o matrimônio, pois, só se realizará com toda a liberdade quando, suprimidas a produção capitalista e as condições de propriedade criadas por ela, forem removidas todas as considerações econômicas acessórias que ainda exercem uma influência tão poderosa na escolha dos esposos. Então, o matrimônio já não terá outra causa determinante que não a inclinação recíproca. Chegar neste patamar não é tarefa fácil, visto que as ideias do patriarcado são muito fluentes e introjetadas.
O Estado foi criado para assegurar a propriedade da terra, que foi a principal riqueza conhecida até o aparecimento do capitalismo moderno.  A desigualdade social, decorrente da divisão social do trabalho, do surgimento da moeda e da usura, proporcionou a concentração da propriedade do solo nas mãos de uma minoria, que passou a exercer o controle cada vez maior sobre os meios de produção. Surgiram novos institutos, como os grandes latifúndios, a hipoteca e a disponibilidade dos bens imóveis. A figura do Estado, destinado a suprimir as lutas de classe e que, embora nascido com o propósito de conter os antagonismos sociais, converteu-se em instrumento de exploração e de opressão da classe economicamente dominante.
Segundo Reich, também baseado em estudos e conhecimentos, a família é essencial à estrutura econômica do capitalismo pois ela beneficia o capitalista assim como o preserva até a geração seguinte, acumulando capital e bens. 
 Como constructo de socialização, a família contemporânea, representa, para o sujeito, um espaço para construção da identidade onde as primeiras noções de socialização são introduzidas, no que tange as vivências de uma sociedade ocidental, contemporânea, a família tem apresentando novos modelos de contingentes, e de forma rápida, assume novas configurações, suscitando novas relações entre pais, mães e seus filhos. Não raro, encontramos cada vez mais filhos crescendo com pouco ou até mesmo nenhum tipo de contato com seus pais biológicos.
Os novos modelos de família além do que era imposto pelo patriarcado ganha cada vez mais espaço.
O fato é que a humanidade ocidental carrega de modo automático, valores dos quais não se questiona, sem pensar também na extensão de enraizamentos de ideias e ideais dos quais ninguém pediu, porém que exercem sim grande influência no comportamento e no relacionamento afetivo, principalmente. Trazendo sequelas tais como, frustrações, medos e culpas. 
Não é tão fácil se livrar destes valores disparadores de comportamentos. Eles perseguem por meios subliminares, e assim, é que pode se afirmar que certas atitudes são inconscientes porque nem tudo o que se faz no relacionamento afetivo é realizado racionalmente.
Antes dos anos 60, um número grande de homens não se preocupavam com o prazer da parceira, da qual eles se serviam. Era muito comum acreditar naquele tempo que perdurou por décadas, que os homens, somente eles, precisavam de sexo, as mulheres só precisavam de proteção, de serem sustentadas e de amor, o que era definido por amor, era comparado ao homem não deixar faltar nada a mulher, referente à comidas e roupas e calçados e produtos de higiene.
Mulheres que assumiam necessidade de sexo eram denominadas de  histéricas, ninfomaníacas e diagnósticos doentios. As mães machistas ensinavam para as filhas que os homens precisavam ejacular e que faziam mal a eles “coitadinhos” conter os espermas (o que pode ser considerado um mito, pois o organismo reabsorve os espermas não ejaculados). Nunca as mães diziam que a mulher precisava descarregar a tensão sexual através de sexo, e curioso que a maioria não diz às filhas mulheres isto até os dias contemporâneos.
Antes dos anos 60, casamento era uma espécie de profissão feminina, um meio de vida no qual a mulher se garantia em relação à solicitude da vida.
As mulheres lutaram e lutam por muitos anos por mudanças destes comportamentos que davam aval ao homem para expressar suas necessidades sexuais como bem entendessem. Já a mulher tinha de esperar uma vida inteira para ter relações sexuais somente com o marido, a ideia de que sexo era algo proibido problematizava a vida sexual da mulher.
Muitas iam para noite de núpcias desinformadas em relação ao sexo, e muitas eram completamente alheias à informação de como sentir prazer, pois o prazer era algo reservado ao homem, toda informação de prazer e sexo dado às mulheres era obtido na rua com amigas nunca em casa, pouco sabia o homem sobre o corpo feminino e as diferenças de corpos cavernosos de pênis para vagina, muitas práticas em casais casados eram “tabus” o que limitava a vida intima de ambos a uma prática sexual bastante rotineira e maçante.
Não era comum ser mãe solteira, quando havia uma, esta era discriminada e apedrejada.
Naquele tempo, o preconceito era evidente, quando havia crianças, filhas tanto de adultério quanto de mãe-solteira, estas sofriam pesada discriminação, eram denominadas de “bastardas” e rejeitadas, viviam à margem da sociedade. Por outro lado isto tudo gerou uma grande dificuldade de encarar os fatos com naturalidade e definição melhor de vida.
E de tanto proibir, rotular, retaliar, a sociedade criou gerações de pais e filhos que ainda não sabem dialogar com naturalidade sobre sexo. Entre a modernidade e o comportamento oriundo de uma geração passada que tanto adorava a preservação do moralismo e falso pudor, há um abismo tão profundo que caminha cada vez mais para sujeições a outros discursos, como comportamentos interesseiros e sem o sentimento nobre do amor. 
No final do século XX e agora no século XXI, as políticas neoliberais trouxeram  desemprego monstruoso e as mulheres já estão sendo educadas para ter uma profissão e não simplesmente para se casarem, pouco se vê meninas de quatorze anos contando com um casamento como meio de sobrevivência como era natural nos anos 20,30, 40 e 50.
Com jovem se relacionando sexualmente antes do casamento, desemprego e fome, como e por que haver casamento?
Do ano 1983 ao ano de 2005, cartórios registraram nascimentos de crianças fora do casamento. Emprego, educação, moradia, alimentação e vestuários etc. são preocupações de todas as classes sociais e as dificuldades e burocracias são tantas, que os casais esqueceram a velha virgindade numa gaveta do passado. Pois é mais cômodo para casais de namorados se relacionarem intimamente quando bem quiserem, sem tantos compromissos de manter um lar, do que assumir tantas responsabilidades.
Responsabilidades estão sendo considerados ideais inadequados aos jovens atuais, que mantém suas adolescências esticadas até os trinta anos ou mais, o medo de assumir compromisso é algo que predomina devido às dificuldades enfrentadas nos atuais dias, contudo, alguns jovens ainda se casam e quando querem se casar se perguntam:
“Como saber se o que sinto é amor a ponto de me casar?”
Se esta pergunta tivesse sido feita em 1962 a uma jovem namorada prestes a ficar noiva e se casar, seria fácil mostrar a ela o que fazer, pois era simples, dar um passo para o casamento significava não ter mais volta, e se ela pensasse no casamento com a probabilidade de separar, a pergunta estava respondida, pois quem amava se via ao lado daquela pessoa para o resto da vida, e se pensasse na possibilidade de separar é porque não amava o suficiente. 
Mas nos anos 2000 é possível basear-se no discurso do amor eterno para construir um casamento? É justo dizer que, quem pensa em casar-se pensando na probabilidade de se separar, não ama? 
No tempo do namoro, noivado, casamento era tudo mais definido e como adequar este termo “amor” nos tempos presentes?
A verdade é que o discurso do amor, é, foi e talvez sempre seja o discurso de um sentimento muito valioso que não tem a menor obrigação de durar para sempre.
Seria utopia imaginar a capacidade de amar somente uma pessoa para sempre. 
Mas o grande detalhe é que quando se ama e se relaciona com uma pessoa, independente de ser nos anos 2000 ou no ano de 1900, há um grande prazer na sua companhia e se vê com ela por toda uma vida.
Não se deseja viver com outra pessoa, mesmo que esta outra seja uma pessoa muito boa.
Quando se enxerga dentro e fora do casamento ao mesmo tempo, há um sinalizador de que este sentimento chamado amor pelo par, não está presente.Achar que pode mudar de cônjuge quando bem lhe convier é não estar certo de que encontrou a pessoa certa e está se acomodando com a pessoa errada.
O sentimento do amor conduz ao discurso de ver o outro exatamente como ele é.
Se o casal não enxergar a tempo quem realmente são, sem máscaras ou enfeites, sem ilusões e traçar o que desejam da vida de forma racional e realista, o casamento não terá sucesso.  
O amor é um sentimento de querer muito bem.
Consciente da realidade do que é o outro, é sentimento tranquilo, seguro, fiel e amadurecido, de confiança mútua, amizade e cumplicidade, admiração e respeito, carinho e desejo de sexo, companheirismo e colaboração, consciência e presença de espírito, tolerância e resignação, ouvir, ajudar.
Um relacionamento bem sucedido pode estar baseado no aprendizado de homem e mulher, eles precisam aprender a serem bem mais amigos, e companheiros e bem menos concorrentes, sem guerra dos sexos. 
Se os homens fossem educados também para o amor sem o peso do preconceito, os casais seriam mais felizes! 
Se as meninas tivessem acesso à sexualidade, sem tanta repreensão, com mais naturalidade e mais cedo possível aprendessem a sentir prazer sem culpa, e ao crescer pudessem estar aliadas a alguém do sexo masculino que tivesse afetividade, os casais seriam bem mais felizes.
 Parece que o mundo mudou muito, parece que houve libertação feminina, porém o que ocorre no mundo atual é uma gama de fantasmas do passado entrando em conflito com os anseios presentes. 
A hipocrisia ainda existe e há preconceitos dominando toda a sociedade, os velhos preconceitos e os novos, valores velhos e novos, minando a psique humana num misto de pessoas que preservam sentimentos e pessoas que tem ausência deles se relacionando de forma interesseira. 
O homem nunca teve problemas em sentir desejo sexual, pelo contrário, era incentivado a sentir e procurar mulher o quanto antes! Então porque ele se incomodaria em fazer grandes mudanças?
Ao longo do desenvolvimento das crianças, as naturais fases da vida, aproximam ou afastam os sexos opostos.
Quando crianças, por volta dos seis anos, meninos repudiam as meninas e vice-versa, consideram a garota chata, boba etc... E as meninas também assim fazem, no geral é assim que se comportam, com esta idade e às vezes alternam este comportamento com entrosamento em brincadeiras competitivas num intuito de medir quem é ou não mais esperto.
Nesta fase, caso a nossa mãe nos coloque ao lado de alguém do sexo oposto, protestamos, afinal estamos numa fase onde só desejamos estar compartilhando brincadeiras com pessoas do mesmo sexo, nesta fase cultiva-se a ideia de que estar ao lado do sexo oposto, é algo extremamente ridículo, sendo assim, armazenamos em nosso inconsciente esta impressão para o resto de nossas vidas.
Mas na adolescência, surge a necessidade do sexo oposto e rapazes e moças se envolvem uns com os outros, esquecendo o que havia na infância.
Quem não está apaixonado e lê uma carta de amor acha ridículo, assim como poesias românticas e comportamentos apaixonados. A razão de ser de tudo é que a sociedade não consegue viver sem o sentimento do amor e não consegue viver com ele também, tachando-o de ridículo, (principalmente se quem sente o amor é o homem que é criado para ser mais sexualizado do que sentimental).
Os pais querem ver o filho homem variar, apregoam que o homem é mais imaturo que a mulher, retardando a ideia de compromisso para o mais tarde possível, encarando com a mais pura naturalidade de que homem precisa conhecer muitas parceiras sexuais.
Muitas vezes o rapaz não está preparado para o sexo, e se sente mais seguro com uma única parceira, isto é visto com maus olhos pelos pais não religiosos quando o rapaz ainda é um adolescente. 
Em contrapartida nos anos 2000 observou-se grande mudança de comportamento nas pessoas, as pesquisas revelaram que os “machões” estão em crise, o homem de hoje sente necessidade de romper a barreira criada com o emocional, e gerar um certo desbloqueio com o emocional. 
Admitir emoções como as do amor pode parecer coisa de fraco, coisa de mulher, então não é tão simples assim falar de amor quando nos referimos aos homens, pois quando eles se veem diante desta emoção, tornam-se relutantes.
Muito se observa na mulher  a ser infeliz com seu homem acusando-o de ser agressivo, mole, insensível, machista, parecido demais com menininho, fraco, violento e obcecado demais pelo sexo. O homem muitas vezes está tentando mostrar o oposto disto  mas se depara com o problema:  o ser humano  evolui, porém, os valores introjetados desde a mais tenra idade, são valores difíceis de dissipar por completo, mas com um pouco de esforço é possível modificar as ações e o meio em que se vive sendo ele também modificado por ele.
Um quarto ou mais das famílias brasileiras possuem como chefe de família, uma mulher com todo direito ao prazer e sem dependência de um homem para pagar suas contas.Esta mudança foi um grande feito da mulher, embora não seja a totalidade, há de gerar certa tendência ao crescimento de mulheres chefes de família. Ora, assim sendo, o homem ainda continua se sentindo na obrigação de pagar as contas e ser o provedor do lar, porém muitos aceitam tarefas domésticas (não são todos) e outros aceitam até mesmo de
serem “donos de casa”, enquanto a mulher coloca dinheiro dentro de casa.
Não é tarefa fácil passar do período de namoro para o casamento pois o “luar de” ter prazer sexual “sem grandes responsabilidades” se transforma em assumir uma casa, uma família,a sociedade cobra sim, antigos valores como homem provedor e mulher dona de casa.As lutas feministas trouxeram um novo lugar ao sol às mulheres e os muitos homens continuaram em seus papéis, sem perceber a sombra que se formava em cima destes papéis.
A cultura se empenha em garantir a virilidade do homem, esperando que ele se torne herói, o príncipe encantado que irá salvar a menina, que por sua vez é preparada para essa espera.
Se retrocedermos um pouco na fase infantil, veremos que o sexo masculino cresceu ouvindo que os homens são os mais fortes e as mulheres as mais fracas, atividades femininas são vistas por eles como secundárias e de menor importância. Precisando estes detestá-las por serem elementos contrários à sua masculinidade. Isto responde a tantos problemas relacionados aos casais, que um dia foram crianças.  Meninos sofrem brutal repreensão se quiserem brincar com brinquedos de meninas. 
À menina é ensinado a diferença entre feminilidade e masculinidade e ao menino é ensinado a diferença entre masculinidade e homossexualidade. A agressividade dos meninos chega a ser cultuada por alguns pais como um caminho para sua condição de superioridade. E é exatamente esta cultura que origina grande problemas de relacionamentos entre homens e mulheres.  

domingo, 17 de junho de 2018

ABUSO INFANTIL (CRIANÇA NÃO FAZ SEXO, CRIANÇA NÃO NAMORA)



É urgente o resgate à infância!
Criança tem que brincar com brinquedos e brincadeiras de criança.
A infância, é uma fase, que vai do nascimento até a pré-adolescência, que se inicia aos 11 anos.
Neste período, é de extrema importância, o cuidado em todos os sentidos, mas  hoje, será abordado o cuidado com a sexualidade infantil.
A sexualidade existe e as crianças descobrem sensações em seus corpos e elas precisam de orientação quanto ao quesito social, elas são muito inocentes, e precisam saber que não podem manipular genitais em público, por exemplo, nem nos ambientes coletivos da casa.
O desenvolvimento do corpo deve ser tratado de forma natural e sem tabus, porém a criança tem sim que ser inocente, a ela não cabe malícia nem erotização.

As crianças não devem dormir no quarto dos pais, nem presenciar relações sexuais dos pais, não deve ficar sozinha com outras crianças sem vigilância.

Às vezes as crianças descobrem a sexualidade sozinhas.

Mas  não raro presenciam cenas eróticas em casa, na TV, pelo celular, se excitam e querem reproduzir o que viram, com outras crianças, engana-se quem pensa que a criança não tem capacidade de sentir orgasmo, ao tentar reproduzir o que viram da erotização de adultos, acabam descobrindo o auge do prazer e erotismo, adquirem malícia, e perdem a genuína infância, a infância em hipótese alguma deve ser erotizada.

Ao ficarem muito soltas, ao reproduzir o mundo dos adultos,  a química sexual que produz orgasmo, pra criança é altamente viciante, esta não tem discernimento  para controlar instintos, ela ainda está em desenvolvimento, podendo com a carga excessiva de hormônios sexuais entrar em puberdade precoce, e a puberdade precoce, produz hormônios em excesso, podendo gerar alguns tipos de cânceres na fase adulta.
A criança erotizada também desenvolve distúrbios psicológicos e sexuais, e o vício no sexo atrapalha também a aprendizagem escolar.

Não raro, as crianças são abordadas para brincadeiras de cunho sexual, por outras crianças, as que dormem no quarto dos pais se tornam maliciosas e conhecem todos os termos chulos que não deveriam conhecer, uma vez que viciadas em atos sexuais, podem abusar de outras crianças bem mais novas, e todas crianças envolvidas nestes atos,  sofrem e causam danos psicológicos muito prejudiciais.

As crianças também podem ser abusadas por crianças mais velhas, adolescentes e adultos, elas precisam saber o que é sexo como algo do mundo dos adultos, e precisam ser orientadas, a que ninguém nem criança ou adulto as toquem, nem  as beijem na boca, elas precisam saber que isto na infância é prejudicial, criança não faz sexo nem namora, fazer sexo e namorar faz parte do mundo dos adultos.

Os adultos precisam parar de incentivar namoro e erotização infantil.E perguntar se a criança tem namorado.
Elas precisam brincar de bola, esconde-esconde, brinquedos, corre-cotia, amarelinha, cobra-cega, e outras típicas da infância.

Quando uma criança pratica erotização com outra criança, não pode ser tachada de má, esta também é vítima, ou foi exposta a erotização constante ou foi abusada, e este comportamento se alastra, quando uma criança tem contato sexual com outra criança e se vicia neste prazer,   deve ser orientada, e dependendo do grau de erotização, deve fazer terapia, sexo na infância não faz bem e traz distúrbios sérios, que podem prejudicar seriamente as crianças, podem deixa-las o tempo todo pensando neste ato, sem conseguir sequer aprender na escola, elas manifestam a sexualidade exacerbada na escola também, se desinteressam por coisas que deveriam se interessar, ficam angustiada, tristes, e se sentem muito culpadas, passam a ter prisão de ventre e sonambulismo, sofrem e se sentem mal, acham que estão realizando algo muito errado, e não conseguem se abrir com ninguém, esta angústia pode gerar transtornos psicológicos fortes e surtos até... 

“ O menor violentado na sua sexualidade deixa de poder ser sujeito do seu próprio destino, da sua própria história sonhada, projetada ou construída. A história que lhe vão impor ultrapassa-o em velocidade e substância, deixa de ser “sua” para passar a ser aquela que não lhe ensinaram, para a qual não pediram sequer um assentimento seu que fosse. De si, apenas um murmúrio surdo, um grito abafado na calada do quarto dos fundos, no canto recôndito da garagem mal iluminada, um “não” ouvido nas paredes da sua alma que não tinha voz suficiente para soar. De si, apenas uma imagem de um corpo usado como vazadouro de néctares infelizes, numa toada de lamento e dor, tantas vezes silenciada em nome de um amor maior…” Paulo Guerra 



Para definir o que é abuso sexual, é necessário compreender o conceito definido pela lei, no art.171º do CP. O abuso sexual é o contacto sexual de uma criança com um adulto ou com uma criança mais velha, que tem, em regra, pelo menos uma diferença de cinco anos e uma diferença significativa no desenvolvimento cognitivo-afetivo. O, o abuso sexual de crianças traduz-se no “envolvimento do menor em práticas que visam a gratificação e satisfação do adulto ou jovem mais velho, numa posição de poder ou autoridade sobre aquele. Trata-se de práticas que o menor, dado o seu estádio de desenvolvimento, não consegue compreender e para as quais não está preparado, às quais é incapaz de dar o seu consentimento informado e que violam a lei, os tabus sociais e as normas familiares”35. Segundo Clara Sottomayor, o abuso sexual é um crime ”recente na ordem jurídica portuguesa, fenómeno que se explica pelo silêncio coletivo de sociedades patriarcais, que valorizam pouco as crianças e que encobrem o fenómeno, quer ao nível da população em geral, quer ao nível das elites políticas e culturais”36.

QUANDO UMA MENINA É ABUSADA POR UM MENINO MAIS VELHO OU ADULTO.

Quando uma menina é abusada, e este ato é descoberto,  em especial o machismo, tende a culpabilizar a menina e dizer a ela:
"Estou de olho em você, hein?" a menina é vítima, e muita gente atribui a ela nome de "assanhada" "fogosa" "não presta desde criança", gerando um conceito de que a vítima seja culáda pelo abuso que sofreu! 
As crianças que sofrem abusos de adultos também podem ficar viciadas neste ato, num misto de prazer, vergonha e culpa, em doses altas, visto que adultos fazem sexo oral nelas e carícias e outras coisas mais...
Então atenção redobrada, e muito cuidado, criança não namora, criança não faz sexo, diga não a erotização infantil!



Autora: Cleide Regina Scarmelotto
(Pedagoga, escritora e poeta)

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Caminhos de pedras

Era tanto caminho , para caminhar...
Cada estrada tinha um nome,
Rixa de irmãos,maldade, eternidade do homem,
Um aprendizado em cada trilhar,

Vi mentiras, e coisas do gênero,
E mentir não era amor e não fosse orgulho
Não havia em mim este ontem,
E vi um caminho cheio de pedregulho,
Um fantasma tão efêmero ,
Que ressoará em mim a cada amanhã,

Ontem no caminhar da estrada,
Enquanto eu passava inocente,
Tantas pedras me atiravam!
E olha eu era amiga e olha que eu era gente!

Então inocentemente,
Ávida pela felicidade,
Sem tantos sonhos, ou quimera,
Certa de ser feita de amor,
ENQUANTO IRMÃOS ME ATIRAVAM PEDRAS...
Eu atirei a primeira flor!

Autora: Cleide Regina Scarmelotto
Resultado de imagem para gif rosas




quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Dois capitulos do voo das borboletas azuis






Proíbida reprodução por qualquer forma, seja ele impresso, digital, áudio ou visual sem a expressa autorização por escrito da 
Raízes da América penas criminais e ações civis.

1ª Edição. 2016.
ISBN:



Revisão: Fernanda Teles
Vendas: www.raizesdaamerica.com.br
Editor:  Klaus Scarmeloto (Direito, USJT)

Conselho de Redação:   Klaus Scarmeloto






1

2.                               A Máquina Dos Sonhos De 1977


C
hoveu forte, a ladeira inclinada, formava um lindo corredor de águas límpidas, em frente à casa, exalando perfume de terra molhada, as plantas nos muros, nas sacadas ficaram lindas, e as rosas extrapolavam os limites da casa, se estendiam para além dos muros da casa de Morena Sol, que contemplava tudo com admiração e respeito pela natureza, as samambaias, roseiras e onze horas eram tudo o que possuía de verde na metrópole cinza, industrial, comercial e concreta.
Mesmo com toda natureza exuberante de flores e plantas, gratas pela chuva, largou a janela, com lindas imagens, para “inventar uma música”, usando duas goteiras caindo em duas panelas, e um pente de homem, sendo estimulado por uma agulha de tricô, passava a agulha nos dentes do pente, em um ritmo que combinava o som do pente com o som das goteiras, estava quase pensando numa letra para esta música,  no auge da canção inventada... imaginando intensamente a letra, quando a mãe falou três vezes o nome dela, sem que ela desse resposta alguma!
Grande era a concentração na composição artística! Não queria parar. A mãe, sem entender a razão desta ausência, saiu furiosa e preocupada do quarto suspirando... e comentando baixinho:
— Menina tonta!
Todos costumavam se preocupar com as ausências de Morena Sol, que vivia no “mundo da lua", aérea, distante e muito calada, assim diziam os adultos dela.
— Ela é preocupante (assim dizia a mãe ao pai) muito calada e distraída parece que vive no mundo do outro mundo, essa menina tem algum problema, um parafuso a menos!
Então, Morena se enfiava em baixo de uma escada, planejava em pensamentos, ensaiava tudo o que ia dizer para enfrentar a mãe, resmungava bem baixinho:
— São tantos os mundos para se viver, meus outros mundos são bem melhores que este, aqui vivo da escola para ca­sa, de casa para a escola, nesta cidade, onde não se pode ficar na rua, não se pode ficar à vontade, que mal tem de viajar para outros mundos e outros lugares? Por que sou preocupante?
Indagava a Morena... eu não furto, não fujo, não piso nas plantas, não tiro notas baixas, nem sou malcriada... ora essa.... Nunca fui presa, nem nunca fiz nada de errado, reconheço... só sou um pouco ruim com o meu irmãozinho, mas porque ele é muito irritante, já tem 5 para seis anos, não é nenhum bebê, e se joga no chão quando não fazem as vontades dele, e porque ele pega tudo o que é meu para brincar, e quebra de propósito, e sempre conta tudo que é estou fazendo para minha mãe. Meu irmãozinho é um “inimiguinho”.
A garota seguia com seus pensamentos:
— Morena Sol, este é meu verdadeiro nome!
Ora essa, alguém com um nome destes tem todo o direito de viajar em outros mundos e até em outros planetas. Não é apelido, não, tenho pele clara, branquinha, olhos claros amendoados-esverdeados, somente quando tomo sol, é que fico bem morena. Nem mesmo sei porque me deram este nome!
Naquele tempo, não havia nem vídeo game e nem internet, Morena Sol, lia livros, ouvia músicas, fazia desenhos, escrevia poesias e inventava mundos e muitas coisas da imaginação.
A garota estava de malas prontas, ia passar parte das férias no Rio Grande do Sul. Feliz da vida, fechava os olhos e sonhava de como ia ser viagem.
Finalmente iria conhecer Cruz Alta e Panambi, arrumava a mala atarantada. E os adultos ao redor de Morena Sol, ao saberem da grande novidade, sempre batiam em suas costas e diziam, inúmeras vezes, repetiam muito mesmo, a seguinte frase:
— “Morena Sol, você vai conhecer a cidade do grande escritor Érico Veríssimo! ” Ela ficava orgulhosa, mas ao mesmo tempo, achava desaforo ser dita como, somente a terra do escritor Érico Veríssimo, porque era a cidade aonde a vó nasceu, ora, e não somente a terra do Érico Veríssimo!
— A cidade de minha avó, isso sim, e digo mais: vou na presença de minha vó para saber bem onde é que aconteceram as histórias que ela sempre contou e eu gravei na maquininha que eu inventei!  Os adultos riam, passavam a mão na cabeça dela.
— Ah... quero inventar uma máquina, da qual se possa assistir ao passado, como se fosse um filme (sem que os protagonistas percebam, pois eles ficariam muito envergonhados). E, nesta mesma máquina, haverá um compartimento do qual as pessoas possam exibir os sonhos que tiveram, durante a noi­te, para outras pessoas.
Às vezes, as pessoas contam sonhos bem engraçados e quem ouve a narrativa do sonho, se divertiria muito mais se pudessem ver as imagens. Não é o máximo esta invenção?
Neste exato momento surge o projeto desta invenção, dia de sorte, dia 13 de janeiro de 1977, ela está eufórica, e tem nas mãos a máquina imaginária genial de ver o passado e de assistir sonhos, que por enquanto é um caleidoscópio!
— Vou levar a máquina dos sonhos na mala!
Morena Sol, de olhos grandes e curiosos amendoados tão claros que se confundem com verdes, quadris largos, cintura fina, e pequenos seios arredondados e ajeitados, parecia mulher feita... mas tinha onze anos de idade. Em 1977, em São Paulo, a rodoviária era decorada com losangos coloridos de acrílico transparente, roxo, verde, azul, vermelho e amarelo, e gigantescas ao alto...
Morena Sol ficou admirada, olhando os losangos da rodoviária. Ingênua e linda, sensual, e na timidez de seus onze anos, dava um show de feminilidade! (Sem saber). Os homens viam o corpo desenvolvido de Morena Sol e diziam coisas obscenas, sem pudor. A avó a puxou rapidamente pela mão, a fim de livra-la das grosserias dos “tarados” que estavam a mexer com sua neta, enquanto ela nem se dava conta, pois imaginava muitas coisas vendo aqueles losangos coloridos, instalados na antiga cidade de São Paulo.
Então... foi junto com a avó tomar um café, à espera do horário do ônibus, se sentiu importante tomando aquele café, antes de partir para sua aventura no Rio Grande do Sul, era verão, fazia calor, e lá faria mais calor ainda no verão.
Levava na bagagem de mão, escondida da avó, a máquina imaginária, a máquina de olhar o tempo passado, batizou a invenção, de XYB-99modelo 2001 (Um caleidoscópio caseiro, construído com 3 réguas), ao olhar, se transportava ao passado. Sentiu a emoção de entrar no ônibus e em seguida disse a avó:
— Morena Sol, você pode ir na janela, mas quando estiver chegando no Rio Grande do Sul, eu quero ir para a janela, quero ver as coxilhas!
— O que são coxilhas vó?
— São morrinhos, mini montanhas que só existem no Rio Grande do Sul e na Argentina.
Quando começarem a aparecer as coxilhas, quero ver a janela!
— Mas, que bobagem brigar por uma janela por causa de coxilhas, gente idosa tem cada mania! (Pensou Morena Sol). Mas, a menina não sabia de sentimentos que havia por trás dis­to... a avó deixou o Rio Grande do Sul, por conta de uma re­volução. A Anita veio fugida, deixando corações e sua terra, sua gente tudo para trás. Ver as coxilhas significava rever a própria história deixada para trás.
Em São Paulo a vó conheceu o avô José Cândido Ribeiro, filho de cearense. Mas como aquela gente do Ceará sofria!




2

3.                               Uma Viagem Dentro Da Viagem
(O Filme 1
)


A
 viajante ficou duas horas olhando a janela, logo se cansou, quis trocar um pouco de lugar com a avó, pegou a máquina secreta. Então "ligou" sua XYB-99, num “clic” colorido, e se transportou para o ano de 1843 e neste ano viu dois lugares ao mesmo tempo, para a cidade de Castro, situada no Paraná e olhou também uma história que acontecia no Ceará, do qual duas histórias muito interessantes, aconteciam juntas!
Eram praticamente dois filmes paralelos, do qual gera­riam personagens que mais tarde se encontrariam em São Paulo. Um filme no Sul e outro filme no Nordeste.
Era véspera de natal, 24 de dezembro de 1843, dia bem quente de verão, Município de Castro, Paraná, fazia muito calor, o capim seco estalava, exalava seu cheiro, Francisca olhou a janela viu a jabuticabeira lá fora, dando uma safra de temporão, mexia nervosamente nas bonecas de pano da irmãzinha mais nova, transpirava mais de nervoso do que de calor, e a cigarra cantava após o almoço, o canto era triste, e parecia que a cigarra estava de luto, uma preguiça abatia Francisca de treze anos de idade, apesar de tanta preguiça, Francisca estava inquieta e porque não dizer? Aflita!
Este era o estado dela, além dela, ali também vivia sua irmãzinha Ana de 12 anos de idade que só queria brincar com todas as bonecas de louça e de pano.
As duas irmãs que viviam no ano de 1843, não podiam ver Morena Sol, mas Morena Sol sabia tudo da intimidade de Francisca e de Ana, via suas roupas, via as calcinhas delas que iam até o tornozelo, com rendinhas no tornozelo, as fitas, as bonecas de pano, as camas que dormiam, todos os pertences...
E reproduzia em sua máquina de ver o passado, várias vezes a mesma história...
Assim, a maquininha exibiu uma de suas prediletas:
Francisca apreensiva, angustiada sabia que rezaria na missa do galo, na capela Sant’Ana (Ela rezaria bastante sim, o máximo que pudesse, para que os planos do pai não dessem certo).  Os planos do pai de Ana e de Francisca eram verdadeiramente tenebrosos!
No dia seguinte no almoço de natal, exatamente, o pai apresentaria o noivo escolhido pela família dela. Isto não era tudo, além de ela de 13 anos, a irmãzinha dela de 12 também iria ficar noiva! As duas nem haviam ficado mocinhas ainda!
O noivo de Francisca tinha quarenta e dois anos de idade, era viúvo, sem filhos, e tinha muitas terras, plantava, colhia, era próspero, também tinha uma venda. Ela não sabia quem era o noivo, só sabia que ele viria para o almoço, fosse quem fosse, não queria se casar de jeito algum.
Ela sonhava mesmo, aprender a ler, escrever, gostaria de seguir outros caminhos, também não queria ser freira, destino dado às meninas da época que não queriam se casar. O pai não queria que ela aprendesse a ler e escrever, para não ficar mandando bilhetinhos para namorados não escolhidos por ele.
Francisca e Ana aprenderam a costurar, bordar, cozinhar, tinham de ser boas donas de casa, para serem boas esposas.
A mãe também treinada para obedecer ao marido, dizia amém a tudo, se recolhia ao insignificante comportamento submisso de cuidar do lar e concordar com tudo. Francisca questionava bem baixinho com medo de que o pai ouvisse:
— Casar sem amor mamãe?
— O amor vem com o tempo!
Francisca abaixava a cabeça com lágrimas es­correndo, sabia que o amor não viria não!
E Morena Sol no ano de 1977 por meio da XYB-99, continuava espiando Francisca.
Em 1843, a menina tinha as ditas regras menstruais, já era considerada mulher feita, não havia adolescência, Morena percebia o sofrimento deste tempo, observava o quarto dela, as roupas da época, os cabelos, os tecidos, a decoração, as fitas no cabelo, o rosto das duas meninas, conhecia cada centímetro da intimamente de Francisca e Ana. Conseguia ver cada detalhe de tudo, os vestidos longos, as tinas imensas aonde tomavam banho... mas via principalmente seus sonhos e sofrimentos.
Outro absurdo era que Ana a irmã mais nova, aos doze anos também ia se casar, também ia conhecer o noivo de quarenta e seis anos de idade. Francisca estava apavorada, e Ana, então? Mais ainda, tudo o que Ana queria era brincar!
Quando voltaram da missa do galo, no quarto de dormir, abraçadas em silêncio, choravam, este ia ser o natal mais triste de suas vidas, Ana ainda queria e muito, brincar com suas bonecas, Francisca já se interessava por rapazes, mas não por um homem tão mais velho assim. Ana com lágrimas nos olhos, perguntou à Francisca:
— Minha irmã, será que poderei levar minhas bonecas para onde eu for morar quando eu me casar?
— Leve, mas leve escondido, mas não deixe, nem seu marido ver, nem nossos pais, eles não permitirão que você leve nenhuma boneca, minha irmã.
Foram dormir num silêncio desanimado e triste de dar dó. O almoço foi parecido com um velório, as meninas conheceram seus “noivos”.
O noivo de Ana ia mudar-se para Cruz Alta, no Rio Grande do Sul e iria montar um comércio por lá e continuar a morar na casa da mãe, ou seja, Ana Iria morar com a sogra.
Ele sabia que a menina era muito novinha e confiaria os cuidados da menina à mãe dele, que ensinaria a garota a ser uma boa esposa ao filho dela.
Já o noivo de Francisca, iria continuar por perto daquelas terras, indo morar numa casa no meio do mato, isolada, e um pouco distante dos pais. Ambos eram sujos. O obvio aconteceu, ambas sentiram nojo dos noivos, eles eram muito velhos, com aparência de homens porcos que não gostavam de tomar banho nem no dia do natal!
Mas eram ricos, e “compraram” as meninas que deixariam de ser propriedades do pai, para se tornarem propriedades dos maridos. Depois do almoço, eles foram embora.
As meninas arrumaram a cozinha, lavaram a louça, cabisbaixas, e desanimadas, em depressão e silêncio. Nada a comentar, diante do futuro de morte em vida que estava guardado para elas. Depois choveu, e Francisca ficou sentindo o cheiro de terra molhada. E sonhando voar junto com os pássaros alegres que se divertiam na chuva, para bem longe dali. Indagava a si mesma, querendo saber a razão de não ter nascido pássaro...

Este destino era comum, e era perfeitamente legal e permitido, entregar uma garota de apenas doze ou treze anos ao casamento, naqueles tempos...