quinta-feira, 6 de setembro de 2007

FALANDO DE LIMITAÇÃO.










Para quem ainda não
sabe...Sofro de baixa visão e isto em termos práticos significa enxergar muito limitadamente e de forma distorcida de meio metro pra frente minha visão enxerga tudo estranho. nos ultimos anos fui perdendo a visão durante a degeneração da retina e hoje quando ando na rua parece que o chão está dentro de uma piscina onde eu não posso ver os detalhes do chão é como estar numa piscina e ter um degrau dentro dela da qual vc não vê devida a àgua e tchibummmm mas como o chão não tem àgua, minhas quedas não seriam nada tchibum, daí tenho usado com eficiência uma bengala de cegos o que me dá segurança para que eu não caía.

Eu estaria mentindo se falasse que estou feliz com esta novidade, não estou, usar a bengala branca faz com que todos ao seu redor te olhem com piedade. E eu me sinto e creio que sou uma mulher de valor e pessoas de valor não necessitam de piedade. Vocês já viram alguém de grande valor ser alvo de piedade? Pois é... eu também não!
Eles pensam que você é cego e que não está vendo isto, mas vc está, vc só não enxerga direito o chão mas as caras das pessoas você vê! e isto é meio constrangedor, quando não é meio invasivo porque as pessoas nem peguntam se vc quer ajuda, já pegam no seu braço e vão andando ao seu lado pra te ajudar é certo mas são invasivos.Mas querem ajudar e isto é bom, por outro lado tem aqueles que saem correndo pra não te ajudar a atravessar a rua, perderam tempo deles de correr, afinal o que eu quero? ser ajudada ou não? (eu ainda não necessito desta ajuda).Eu só querioa que quem quer ajudar perguntasse se eu preciso ou não e não que viessem pegar em mim como se eu fosse uma coisa de se pegar.
Eu nunca pensei que ser cego fosse alvo de invasões tão grandes.
Fui avisada pelo oftalmologista que minha doença está avançando e que ela pode estacionar mas que eu posso ficar totalmente cega em poucos meses e que no momento somente células -troncos poderiam sanar meu problema... quem adquire a cegueira depois de já ter enxergado, provavelmente já contará com alguma compreensão das noções baseadas nesse mundo visual, porém terá de elaborar o sentimento de perda de tudo o que lhe proporcionava a visão.
É, em geral, difícil enfrentar o processo de perda e adaptação à nova condição, o que redunda em outra relação com o sentido da visão assim como a percepção com o mundo.
Dessa forma, cada indivíduo pode apresentar maior ou menor facilidade para lidar com as perdas em sua vida. Além disso, existem inúmeras nuances a serem observadas com relação à perda da visão, que influenciarão diretamente na absorção e na aceitação da nova condição.


Eu já tive um corpo magro e o perdi para a obesidade,(tento recuperar mas ás vezes, sofro tantas frustrações ao mesmo tempo que não consigo reunir forças para fazer regime e emagrecer, também não descambo a comer apenas mantenho meus 88 quillos que oscilam às vezes pra mais e para menos) estas duas perdas mexem muito com meu emocional no entanto e com isto fiz uma nova descoberta:


Nem a falta de visão e nem o corpo obeso foram fatores suficientes para me fazer sentir uma mulher menos atraente...sempre tenho sido sendo amada e desejada ainda e tenho várias escolhas, e dentre alguns homens tive de escolher apenas um para me relacionar um que fosse solteiro e descomplicado, livre e sem esposa, e este descobriu com a perda de visão que meu corpo compensou isto com uma sensibilidade muito maior na minha pele, na natureza nade se perde tudo se transforma...me transformei numa mulher que não precisa de tantos caprichos nas
(Pré-Eliminares)...porque tenho uma sensibilidade fora do normal que mulheres normais não tem. rsrsrs e tenho dito:ESTOU FELIZ COMO MULHER MESMO COM TUDO QUE ESTOU ATRAVESSANDO!

No mais o que se pode dizer sobre deficiência visual é que se observa é que a questão da identidade do deficiente, apesar de ser constantemente justificada pela dimensão biológica, é, na verdade, fortemente influenciada pela dimensão cultural. Não se deve, é claro, confundir essa influência com um determinismo cultural. A questão da deficiência deve ser tratada sob o ponto de vista do "homem total". Quando dizemos que o social dá uma grande contribuição na definição da identidade do deficiente não estamos querendo afirmar nenhum determinismo social e nem dizer que as sociedades são rigidamente organizadas, sem nenhum espaço para qualquer desviante. É claro que qualquer "desviante" da "normalidade" em qualquer sociedade, seja a Suyá, seja a ocidental, não é inserido nos grupos e padrões sociais sem tensões. Existem indivíduos que não aceitam tais critérios e até mesmo forçam as sociedades a reelaborá-los, como acontece com os homossexuais , como aconteceu com os judeus e as mulheres e como vêm fazendo os negros e deficientes ultimamente. É preciso deixar claro que as sociedades são realidades vivas e, portanto, dinâmicas, sempre sujeitas a tensões e ajustes que tentam dar conta dos problemas concretos e históricos que se lhes apresentam.