domingo, 29 de maio de 2016

Degustação grátis dos 5 primeiros capítulos do livro AS DAMAS DO CAFÉ MUSTANG de Cleide Regina Scarmelotto Editora Raízes da América.

Prefácio:

As Damas do Café Mustang, faz parte da trilogia que discorre sobre sexualidade da mulher em diversas fases da vida.
Diante de grandes críticas sociais e muitas vezes sem saber que o prazer não anda de mãos dadas com a fase reprodutiva, muitas  vezes, sem dispor de informações sobre o que acontece com  o corpo no processo de envelhecimento, algumas mulheres se recolhem à uma extrema velhice. Se acomodam e não acreditam que possam viver a plenitude da vida após os 50 anos de idade.
Somente por conta de preconceitos é possível acreditar que as pessoas com mais de 50 anos perdem o interesse e a capacidade de manter uma vida sexual ativa.
E mais ainda a capacidade de amar. O envelhecimento é um processo fisiológico normal e não uma doença.
Martha se apaixonou aos 54 anos e teve que correr atrás de seus sonhos e lutar para ser feliz provando justamente o contrário.






Capítulo I

Inverno no final, Cidade de Taurus, e a primavera chegaria em duas semanas... mesmo assim, ainda fazia bastante frio, aquele era um sábado monótono, o café Mustang, acabara de abrir, dentro do Centro Cultural fundado por Aline dos Carbos, Julia, a neta adolescente da proprietária, estava a observar o lado externo da janela embaçada. Fazia 2 graus abaixo de zero.
Sentada no sofá de dois lugares estofado, na janela embaçada, Júlia, desenhava um coração grande, colocou uma interrogação dentro do coração.
A bela senhora Martha, proprietária do Café Mustang, estava ativa, junto com as funcionárias preparando tudo, 6:30 da manhã, cada vez que alguém entrava, os sininhos na porta, feitos de canudinhos de lata faziam um barulhinho, alertando uma nova presença, Martha abriu o caixa, observou Júlia calada...
Pegou uma cestinha com pão de queijo, dois chocolates quentes, e se sentou ao lado de Júlia e indagou:
— Algum problema?
— Claro que não vó, porque?
— Você está tão quieta...
— Estou pensando que já tenho 16 para os 17 anos de idade, mas nunca namorei.
— Você é muito nova ainda, em breve vai encontrar um rapaz bem interessante.
— Será? Minha vó...  Não nesta cidade, não há ninguém!
Os clientes começam a aparecer um a um, Aline, a proprietária do centro Cultural, passou rapidamente por lá, e pegou um café para viagem. Sorriu para Martha e subiu para a administração.
Martha temia Aline, que tinha fama de ouvir pensamentos. Mas não tinha certeza de que isto pudesse mesmo ser possível.
A senhora Maia, chegou para o café, com sua neta Priscila de 3 anos, irrequieta, corria pelo café inteiro, querendo cockies, usava agasalho Pink, botas forradas e calça jeans, era uma menina encantadora. Depois da senhora Maia, com a neta, entrou no café o senhor Wilson, um idoso magrinho de óculos a fim de saborear um café com leite médio, queijo branco e torradas.
Júlia observou que as funcionárias davam conta de servir, terminou de comer a cesta de pães de queijos e foi para o fundo, desenhar corações na janela embaçada.
Estava concentrada, desenhando vários corações, e dentro deles, desenhava uma interrogação.
Alheia às confusões que a pequena menina Priscila fazia, totalmente distante do que acontecia no café...
Júlia já pensava no amor.
Um rapaz que nunca havia entrado lá, assentou-se na mesa ao lado, e pediu um cappuccino com torradas e queijo cottage
— Ei moça, porque desenha corações aflitos e inseguros? Júlia se virou em direção ao homem e respondeu:
— Eles não são aflitos, só não sabem o futuro deles, são inseguros!
— Eu também não sei o meu. Mas vou ficar por aqui por muito tempo.
— Quem é você? Nunca o vi aqui em Taurus.
— Sou o Malcom Vidigal
— Vidigal? O escritor?

— Está falando com ele!
— Muito prazer!
Júlia chamou a avó Martha, e disse:             
— Veja vó, este é o Malcom Vidigal, o escritor, ele está em nossa cidade hoje!
—Muito prazer Malcom, sou a Martha, li seus livros, as Mandalas de Zuch e Ana, uma mucama, gostei muito dos livros!
—Que honra, uma leitora assídua, muito prazer!

Malcom balançando a cabeça, pronunciou a palavra:
—Não!
—Algum problema com o cappuccino?
—Não, eu ia dizer não pode ser verdade Martha que você seja avó desta moça, como é mesmo seu nome? 
—Julia!
—Parece ter uns dezoito anos e sua vó parece ter uns 39 anos, mas com 39 anos, ela não poderia ser sua avó, acertei sua idade pelo menos Júlia?
Martha riu e disse:
Malcom prosseguiu:
—Não é delicado perguntar idade de mulheres, hein? Prefiro não dizer a minha.
—Desculpe Martha, eu tenho 33 anos, pronto falei a minha! 
Martha e Júlia deixaram o escritor pensar que a idade de Júlia era mesmo 18, mas Júlia tinha 16 e Martha 54 anos de idade, mas realmente aparentava ter 39, ou 40.  
—Venha, Júlia, vamos deixar o senhor Malcom à vontade! 
—Com licença, senhor Malcom!
—Toda, mas preparem-se meninas todos os dias virei tomar meu café da manhã aqui! 
—Será um prazer! – Respondeu Martha com seriedade!
 Ele, um homem de 33 anos, alto e de ombros largos, vestia um terno escuro e um sobretudo quente e elegante, com luvas de couro de carneiro, demonstrava muita segurança, empatia e poder, passou rapidamente pelas portas vidro do Café Mustang, e foi para o edifício Old Park Star, no centro de Taurus. Alugou o apartamento por 6 meses. (Esperava conseguir se inspirar para escrever o livro, pois pegou um adiantamento considerável da editora e agora tinha de produzir).
Júlia mesmo ainda por completar 17 anos, se sentiu atraída por ele e passou o dia falando entusiasmada em Malcom, e Martha também estava feliz com a presença dele.
O pequeno apartamento que alugou para trabalhar em seu livro, tinha estilo de velho casarão de 3 andares, adaptado como apartamento, podendo receber muitos inquilinos esporádicos, e localizada num beco, com uma única saída que ficava em frente à escola de Júlia.
Enquanto isso no café, Júlia viu que os corações no vidro embaçado, estavam se desmanchando. Pensou no olhar de Malcom e seu coração disparou de alegria.















CAPITULO II

Malcom se ajeitou no pequeno apartamento, a pressão era grande, sabia que nem sempre o tempo ia ser suficiente para tomar seu café da manhã reforçado e brincar com as novas amigas.
Ligou o aquecedor.
Escreveu um pouco, e alinhou o texto. Saiu as 4 da tarde para comer alguma coisa.  Se sentiu solitário.
O domingo foi um tédio.
E segunda feira, só saiu da cama as 10 da manhã, foi tomar café, não viu nem Martha nem Júlia, Martha havia saído e Júlia estava na escola. Ficou entediado, engoliu o café, e decidiu dar uma volta pela cidade para se inspirar.
O percurso que ele fez, foi passar por algumas ruas que mal conhecia, e ao dobrar uma esquina deu um “encontrão” com Martha que ficou vermelha de constrangimento!
 Aonde vai com tanta pressa Martha?
— Vou ao banco!
— E eu caminhando por estas lindas ruas de Taurus para me inspirar
— Um momento — disse Martha, — Quanto tempo você vai ficar aqui?
— Eu ficarei 6 meses— respondeu Malcom, com os olhos levemente arregalados.
— Ah que bom, nos encontraremos muitas vezes!
— Espero que seu esposo não se importe.
— Sou viúva...
—Não pensa em se casar de novo? Você é tão jovem e bonita!
—Não sou tão jovem assim!
Martha tinha olhos irresistíveis, e estava embaraçada com o olhar de Malcom, com sua fala.
Entrou no banco, se despediu trêmula.
Martha estava se sentindo muito atraída por Malcom.
Há tempos que um homem não fazia estas perguntas.
O coração disparava e fazia um verdadeiro tambor.
Malcom saiu de lá desejando beijar Martha. Quase a beijou na boca. deixando Martha absolutamente feliz. Mas sabia ser precipitado, tudo estava muito incipiente ainda. E tinha de se concentrar no trabalho. O quase beijo na boca que Martha recebeu de Malcom foi muito excitante!.
Ele seduzia com olhar queria beija-la, se insinuava para ela.
Martha aguardava pelo gerente e de dentro do banco, pelo vidro, observou a silhueta de Malcom se afastando na rua, por dentro ela estava desvairada pensando milhares de coisas poéticas e por momentos, desconexas ficou pensando:
“Acho que existem palavras que nunca direi, estou apaixonada, meus sentimentos nasceram do sonho sufocado, este amor vivo que pode superar barreiras... Este desejo é verdadeiro, o universo é pequeno para quem sempre diz a verdade... Não quero temer, mas bem sei que não vou me perder nestes sonhos. O melhor de mim: se transformaram nos momentos em que estou na presença de Malcom, ele, consegue extrair o melhor de mim. E pobre de quem tem manias idiossincráticas, vive um ser quase perverso...Que como centelha queria renascer de instintos egocêntricos... A se perder com um ego por entre labirintos...
Nestes pensamentos todos, o Gerente passa a mão na frente dos olhos de Martha que parece cega:
— Martha você está bem? hei, eu estou aqui!-  riu o gerente!
Malcom seguiu em direção ao apartamento e notou um rapaz de toca, caminhando na frente dele em conversa com outro rapaz, eles também seguiam em direção ao apartamento alugado por Malcom, e um dizia ao outro:
—Meu parceiro, a realidade é que a cidade de Taurus e Geminnes viraram um verdadeiro negócio. E o que movimenta os caminhos de urbanização em Taurus e Geminnes é a lógica da indústria de imóveis, que lucra mais na alta de preços.
—Mas Rato, colocar fogo em favela? A comunidade está cheia de trabalhadores, e uma construtora manda colocar fogo numa favela? Não acho isso certo, vou pular fora.
—Não podemos continuar conversando este assunto no meio da rua, temos de ir para o apartamento que aluguei.
Malcom julgou pesado, aquele assunto, e seguiu os dois rapazes, e constatou, ambos entraram no apartamento, no mesmo prédio em que Malcom alugou, no mesmo andar, ao lado do apartamento dele.
Curiosíssimo pela conversa, Malcom não se fez de rogado, colocou um copo na parede, e pôde ouvir toda a conversa:
Rato, o experiente bandido contratado para incendiar a comunidade pobre de Cascais, situada entre Taurus e Gemmines... prosseguia em seu discurso:
— Você precisa compreender, o que for indesejado, o que atrapalhar a valorização, é eliminado. Isso afeta todos, as comunidades mais pobres sofrem com isso há tempos. Há a especulação imobiliária por trás dos incêndios, e as construtoras de Taurus e Geminnes, incorporadoras mandam, queimar as favelas, para construir um prédio no lugar, alguém tem que fazer o serviço sujo.
—E quanta grana envolvida neste serviço sujo?
—Ganharemos 500 mil pégasus juntos, para fazer um serviço muito bem feito.
— Isso que você falou é uma simplificação grosseira. Pense que um bairro que vem se valorizando está passando por muitas obras, que atraem mais interesses para essa região. Esses interesses envolvem coisas como melhorias de mobilidade, lazer e segurança – esse último quase sempre se traduz em uma vigilância sobre as favelas da região. Essa vigilância impede a consolidação dessas comunidades, que mantêm um caráter construtivo precário, com paredes de papelão e madeira e alta densidade de moradias, todos os fatores que contribuem para um grande incêndio. Não se trata de tacar fogo, mas de deixar queimar...é fácil, simples assim.
—Não é simples assim não, nosso papel e ganharemos muito bem para isso, é garantir que pegue fogo em tudo, para isto iremos alugar cubículos nojentos naquela comunidade, na favela, dois nas extremidades e um no meio, e dar um jeito de explodir um botijão de gás em cada um deles!
— Você tem coragem de realizar isto?
—Estamos juntos nessa cara, é tarde demais para recuar.
Malcom conseguia ouvir toda conversa, tremeu, e ficou estarrecido, haviam dois bandidos cruéis ao lado de seu apartamento!
E eles iam colocar fogo em uma favela, e agora, neste momento Malcom perdeu a paz.
O coração acelerou, a favela de Taurus pegaria fogo!
Tremia, e o interfone tocou, Malcom quase gritou. Derrubou o copo no sofá.
Júlia estava lá em baixo, querendo subir no apartamento de Malcom.
Malcom achou mais prudente descer. A menina era muito jovem para ficar as sós com ele lá em cima. Assim que desceu, percebeu que os olhos de Júlia brilharam ao vê-lo.
—Olá, Júlia, que surpresa!
—Eu vim trazer pães de queijo e pães de mel, para o senhor comer mais tarde.  
 —Não precisava se incomodar.
—Por que não quis que eu subisse?
—Porque não fica bem.
— Estou desapontada.
— Não leve a mal.
— Então está bem, já vou indo...
Julia saiu desapontada e Malcom subiu apreensivo.
Não queria grandes intimidades com Júlia. Ela era muito nova, embora tentasse se passar por 18 anos!
Júlia hesitou e retornou ao prédio de Malcom e o chamou novamente:
— Outra vez aqui Júlia? o que há?
— Quero um amigo para conversar, estou com problemas.
— Onde está a sua vó?
— Foi para Gemines falar com minha mãe, me deixou sozinha!
— Eu sei, mas estou saindo para almoçar, entre no meu carro, vamos comigo.
Ressabiada, Julia saiu de lá do edifício dentro do carro de Malcom, feliz e agora, era ela que estava com medo...
—Aonde você está me levando Malcom? — perguntou, tentando         aparentar        calma, apesar             de        estar tremendo interiormente.
— A um restaurante fazenda que eu conheço perto de Geminnes — respondeu ele naturalmente. — Imagino que você ainda não comeu. Durante um bom almoço, você vai poder me contar todos os seus problemas. — Mas eu preciso estar de volta no apartamento para escrever, em no máximo uma hora e meia.
— Estou preocupada agora, e arrependida, se minha mãe e vó sabem que eu entrei no carro de um desconhecido.... Nem sei o que fazer.
— Não se preocupe com isso — murmurou ele, achando graça na expressão do rosto dela. 
— Júlia, eu prometo que falo pessoalmente com a Martha, o importante é que não farei nenhum mal a você, acalme-se.
O corpo tenso de Júlia relaxou e ficou lânguido. 
Ela provocou a situação.
Malcom podia levá-la para onde bem entendesse, ela estava disposta a tudo!
A barriga gelou quando, o veículo de Malcom, passou pelos portões de madeira de uma entrada que levava a uma maravilhosa fachada de uma casa de fazenda. O nome do restaurante fazenda era “Panela de Ferro”. Ao notar a presença do casal na entrada, o maitre se aproximou rapidamente para cumprimentá-los.
— A mesa de sempre, sr. Malcom? — 
— Sim, obrigado, Affonse — respondeu Malcom, querendo se dirigir à mesa.
— Malcom — sussurrou ela, a voz tomada de espanto. — Por Deus, este restaurante é muito fino!
— E o que é que tem Júlia?
— Não estou trajada adequadamente!
— Não se preocupe querida, você está adoravelmente linda!
— Obrigada!
Júlia sentia um frio na barriga, atrás do outro.
A adolescente sentiu-se constrangida e deslocada. Ela gostaria que ele não fosse alguém tão importante, todos do restaurante o reconhecia e sorriam, ela julgava que se o escritor mais famoso do País, fosse uma pessoa comum, talvez pudesse vir a se interessar por ela.
— Júlia você tem preferência por algum prato especial?
  Júlia com jeito de criança sacudiu a cabeça.
—Vou escolher por nós dois, vou escolher um prato que você vai adorar.
Quando terminou de pedir os pratos ao garçom, apareceu um segundo garçom com a lista de vinhos.
A moça vai tomar um suco de uva disse Malcom ao garçom da carta de vinhos.
Júlia estava de Jeans, sentiu-se desconfortável.
Malcom sentiu que ela o observava com admiração.
Julia tomou um gole do suco de uva. Ela engasgou. E a tosse chamou a atenção de todo mundo.
Malcom, compreensivo, calmamente suavemente se expressou:
— Você não deveria beber tão rápido não é mesmo?
— Desculpe o vexame Malcom — respondeu, embaraçada. — Tudo bem, relaxe. Agora me conte, o que lhe aflige tanto a ponto de ir ao meu apartamento desta maneira?
— Eu tenho um problema, eu me sinto angustiada, sou adulta já, (ela mentia ter 18 anos), quero mais liberdade, mas como minha mãe passa a semana toda na cidade de Geminnes trabalhando, minha avó me prende muito, me sufoca até, estou me sentindo angustiada, quero viver um grande amor, mas pelo que vejo, continuarei presa numa gaiola de ouro. Pura, casta, isto está me angustiando muito!
— Você tem 18 anos, tem autonomia já, porém é uma grande responsabilidade da Martha zelar pela sua segurança. Tente se colocar no lugar de sua avó.
— Sei me cuidar Malcom!
— Será que sabe mesmo? Então como confiou de almoçar com um escritor estranho?
—Confio em você, porque você é do bem.
Ele fez um movimento com os ombros.
— Como sabe que sou? Sorriu Malcom com ar de cinismo. — Não sei se você está falando sério comigo ou se está brincando
— Não sabe? — Sorriu ele. — Talvez até seja bom 
— Honestamente, parece que estou sonhando. Ainda preciso que alguém me belisque, almocei com Malcom Vidigal não posso acreditar que seja verdade, confidenciei meus desejos... num restaurante incrível de comida maravilhosa, tudo me parece incrível demais.
— Mas você está gostando, não está? — perguntou, interessado. — Como haveria de não gostar? — replicou, suspirando. — Foi tudo tão maravilhoso!
— Então, estou feliz — disse ele. — Vamos?
Alguns minutos depois, estavam dentro do carro, a caminho da cidade de Taurus. Júlia sonhava beijar Malcom, mas ressentida se sentia mal por ser tratada como criança. Sentia-se estranha numa alegria triste, numa frustração.
Tudo fora tão excitante e inesperado e agora se aproximava do fim, e nada de um beijo. Pouco depois, chegaram, assim que o carro parou, Júlia, virou-se para ele satisfeita.
— Eu realmente não sei como lhe agradecer!
— Malcom sorriu e apoiou os braços sobre o volante.
— Escute, aceitaria um convite para jantar comigo numa noite dessas?
Júlia sentiu as faces quentes.
— Eu?! — Exclamou. — Ora, eu... Você tem certeza de que realmente é o que quer?
Malcom continuava sorrindo.
— Acha que se eu não quisesse eu a convidaria?
Que tal semana que vem? No sábado à noite.
Júlia não disfarçou o contentamento.
— Eu adoraria.
— Ótimo. Estarei esperando diante de sua casa às sete da noite. Ou será cedo e mais?
 — Parece perfeito — respondeu ela. — Acho melhor entrar agora no café!
 Malcom deixou Júlia no café, partiu rapidamente ao Edifício, já eram quase 3 horas da tarde.
Júlia entrou no café e viu Martha apreensiva, o café estava muito cheio, Martha não teve condições de indagar nada a Júlia.
— Vó, vou para casa estudar, precisa de mim para alguma coisa?
— Não Júlia, vou fechar o café às 16:00 horas, depois irei para casa e lá conversaremos melhor.
—Tudo bem vó!
 Como Martha viu Júlia chegando no carro de Malcom, estava mortificada por dentro, louca de dor e ciúmes, aquele sedutor e galanteador, encheu o ego de Martha, de manhã, para depois sair com Júlia?
Martha contou o dinheiro do caixa tremendo e perturbada, as atendentes do café perceberam o nervosismo. Então, mandou as atendentes irem na frente.
Sozinha e trêmula, fechou o café Mustang com lágrimas nos olhos, sentia-se irracional, sabia ser loucura a voracidade do sentimento, mas chorava. Não conseguia controlar nada.
No julgamento de Martha, este sentimento era um absurdo. Mas não conseguia controlar. Nem sabia se ia controlar o desejo de agredir verbalmente a tão adorada neta, Júlia!
Queria muito se controlar.Temia a si mesma!
Um sentimento de agressividade a possuía.
Chegou em casa nervosa, bateu a porta com brutalidade.
Ficou sozinha na sala de estar quase na penumbra, escurecia, a casa estava limpa e em silêncio, tentou refletir um pouco enquanto, sentia o perfume dos produtos de limpeza utilizados pela faxineira, olhava o chão limpo, parecia um espelho, olhou o lustre apagado, suspirou a pensar como abordar o assunto, sem partir para cima de Júlia e puxar-lhes os cabelos e bater no rostinho da netinha, e agredi-la até a extinção do desejo de agredir.
E perguntou a si mesma porque razão estava completamente apaixonada por um homem famoso, que viu apenas duas vezes, e que servia de filho para ela, mesmo não aparentando a idade que tinha, se perguntava:
— Porque razão estou enlouquecida por causa de um homem tão mais novo que eu? Com muitos anos a menos.
Poderia ser meu filho, que vi apenas duas vezes...
Enquanto isso, Júlia estava estudando com fones no ouvido, com as músicas românticas no mais alto som e sonhando com Malcom. E nem conseguia estudar sequer.
E Malcom não estava apaixonado por ninguém, apenas sentia atração física, pelas duas, pendendo mais para a avó, do que para a neta. E se armava ali uma tempestade na família de Martha, que iria jorrar para todos os lados.
Karina, a mãe de Júlia, viria para casa no próximo final de semana. Ficaria sabendo em maiores detalhes de tudo.
Martha suspirou fundo criou coragem, levantou-se, já estava quase escuro o dia, caminhou em direção ao quarto de Júlia:
Bateu quatro vezes com certa violência...
Júlia não ouviu, e Martha ficou anda mais irritada.

Júlia, decidiu sair do quarto, quarenta minutos depois, encontrou a vó portando uma expressão de rancor, ódio, dor.
Assustada perguntou:
— O que houve vó?
Martha bufou e olhando com raiva disse:
— Você é inconsequente!
— Mas porque razão vó?
A raiva aumentava. E Martha respondeu bem ríspida;
— Eu vi você sair de dentro do carro do senhor Malcom, e isto é uma total falta de responsabilidade, você é menor, você tem apenas 16 anos, ele já é bem mais velho!
 — Eu estou apaixonada por ele vó!
— Bem imagino que você finja ter dezoito anos, mas não tem, o viu apenas duas vezes e está apaixonada? isto não tem sentido, você nem sabe o que é o amor, você é muito criança ainda!
—Sei que ele é muito mais velho que eu, mas  não escolhemos a quem amar, estou apaixonada por ele. E se antes eu não sabia o que era o amor, agora sei, pois é o que sinto pelo senhor Malcom. Vou lutar para conquista-lo.
 — Ele é aventureiro, vai te seduzir e te abandonar. ——
— Não acredito que ele seja mau caráter, vó, ele me parece muito correto.
—Para onde vocês foram de carro, hein?
— Fomos almoçar num Restaurante fino! 
— Ele te chamou para almoçar, assim do nada? Ora essa, não creio que ocorresse este almoço do nada, você se ofereceu?
Júlia ficou muito ofendida pela pergunta da avó, sentiu-se invadida e desrespeitada e furiosa, não se conteve, respondeu com bastante petulância e agressividade:
 — Eu me ofereci sim vó, não para almoçar com ele, eu fui lá no apartamento me oferecer para ficar com ele no quarto dele, queria me deitar com ele, e que ele me fizesse mulher, mas ele é que não quis, por causa disto, fomos almoçar, ele desviou-se de ficar às sós comigo, mas sábado iremos jantar. Eu estou apaixonada e quero o Malcom a todo custo e não desejo só jantarzinho e almocinho não, eu o quero na cama, na mesa e no banho, quero ele sim, como homem, sem hipocrisia, eu me ofereci sim, e ofereço quantas vezes for o caso!
Martha ficou indignada, com ciúmes e ódio então...
Martha desabou, e com agressividade bateu no rosto
de Júlia com força. Suspirou com ódio então resoluta e austera, proferiu com fúria aos berros:
— Sua mãe terá de arranjar uma escola para você, lá em Gemines, não quero mais tomar conta de você, está decidido! E continuou-Não quero ser a responsável por uma tragédia, Júlia você está atrevida demais.
 — Vó, você me bateu?! Não tinha este direito!
—Você examine o que acabou de me dizer, se eu não tinha este direito, assim bem como não tenho o dever de ficar com você!
Martha virou as costas, apressou o passo pisando duro no chão e se trancou na suíte dela.
Em clima de muito nervoso, entrou na banheira, despejou sais, agua, e ficou dentro da agua quente chorando, segurando uma bebida, se sentindo ridícula e achando-se um monstro. Ela estava vivendo exatamente o mesmo absurdo que a neta, sentimento aberto, uma paixão à primeira vista, e agora deseja ardentemente o mesmo homem que a neta. Doía muito o coração de Martha. Ela queria retomar o equilíbrio, e Júlia nem suspeitava que Martha sua própria avó, estava vivenciando o mesmo que ela.
Depois, mais calma, com lágrimas nos olhos, Martha chamou Júlia e disse:
— Perdoe sua avó filha, eu não queria me descontrolar, desta maneira, perdi as estribeiras, mas na verdade, eu só queria te proteger e acabei ultrapassando todos os limites do bom senso.
—Mas vó... poxa vó... você precisava me bater assim?
— Você me desafiou.
— Tudo bem vó, me desculpe estou louca, muito louca, me desculpe. Eu não consegui me controlar também.
— Sei que você tem muitas curiosidades, e bem sei que está apaixonada e o senhor Malcom, poderá amar qualquer mulher neste planeta. Qualquer uma! Você precisa agir de acordo com sua idade. Além disso, ele provavelmente é casado, com filhos.
— Ele me disse que não é casado.  
— Muito bem, então ele não é casado. Mas ainda assim, é bem mais velho que você que tem 16 anos e ele 30! – Você precisa esclarecer para o senhor Malcom que você ainda não tem 18 anos. Não tem o direito de engana-lo.
Júlia mesmo sabendo da razão da avó, provavelmente estava certa em tudo o que dizia, porém, mesmo assim, queria jantar com ele no sábado. Ela tinha de vê-lo novamente!  
— Bem, vó de qualquer maneira, vou jantar com ele no sábado à noite.
— Mas Júlia, com a sua idade, você tem que pedir permissão, você precisa compreender isto, você está apaixonada, não é? Sinto muito ter de lhe dizer isso, mas ele pode ser muito diferente do que você imagina.
A avó podia dizer o que quisesse, no entanto, iria ainda assim, ao encontro combinado, de todo jeito. A mãe trabalhava muito na cidade de Gemines, mal dava atenção, não por que não quisesse, mas porque não tinha outra maneira, Karen era divorciada e não desejava depender da mãe economicamente.























Capítulo III

Karen chegou apreensiva de Gemines, pois Martha já havia comunicado pelo celular, que Júlia estava apresentando comportamento preocupante, e ocasionado problemas nos últimos dias, Karen, mostrava preocupação e sozinha em casa com as mãos na testa, pensava em Júlia, no que fazer e como administrar isto.
Enquanto isto, no café, um novo sábado de uma manhã menos fria, o inverno estava indo embora.
Malcom apareceu, Martha estava de expressão séria, aproveitou que Júlia estava em casa com a mãe, e iria dormir até mais tarde, e resolveu conversar com ele. Os dois se dirigiram até o chafariz   do Centro Cultural se assentaram em frente e começaram a discutir o assunto...
— Malcom, preciso conversar muito sério com você, vou me sentar aqui ao seu lado, se você não se importar.
—Sim Martha pode de assentar e dizer o que pensa.
— Eu não pude deixar de notar que no decorrer desta semana, você levou minha neta para almoçar, eu vi quando a deixou aqui, serei objetiva na pergunta, você está seduzindo minha neta? Ela está toda iludida, convidou-a para jantar?
— Hei, ei calma Martha, se desarme!
Sorriu charmoso e sem se abalar.
— Não estou armada, estou sendo objetiva.
Malcom olhou despreocupado. Em seguida explicou:
—Eu recebi a visita da Júlia de olhar brilhante, entusiasmado e de respiração ofegante, eufórica e ao mesmo tempo angustiada, achei por bem, não a receber em meu apartamento, já entrava a parte da tarde, para não quebrar o coraçãozinho dela que estava repleto de caraminholas, convidei-a para almoçar num lugar maravilhoso, justamente para não desapontá-la muito, dar um pouco de atenção, não passou disto.
— Malcom, pois bem, aproveitou o ensejo convidou para um jantar hoje à noite não é verdade? Se é assim mesmo como está me contando, porque está dando tanta corda?
— Sim, mas ela já tem 18 anos não é verdade?
— É justamente isto que quero alertar, aí é que você se engana, Malcom, você tem que saber a verdade, ela tem 16, vai fazer 17 a semana que vem. Nem 17 anos tem ainda!
— Ela mentiu para mim, então?
— Ela mentiu. Se ela tivesse 18 anos a seduziria Malcom?
— Eu estava lidando com os sentimentos dela de maneira delicada, não pretendia namora-la de modo algum, nem muito menos seduzi-la. Hoje levaria a Júlia para comer uma pizza num lugar especial, mas conversarei com ela, obrigarei a moça a dizer a verdade, não se preocupe Martha, não irei seduzi-la ou fazer algo muito ousado com sua neta, eu prometo! 
— Malcom, ela pensa que está apaixonada por você, ela nem sabe o que é o amor, isto é uma curiosidade dela, ela não está amando de verdade, está apenas iludida. 
—Serei delicado com ela, mas não irei iludi-la, nem namora-la, aliás vou lhe dizer, nunca me relacionei com mulheres mais jovens que eu, sempre namorei mulheres mais velhas que eu, nunca me interessei em namorar jovens, embora a Júlia seja muito atraente, não irei. Eu entendo a fase em que ela esteja atravessando um turbilhão de hormônios e curiosidades aliados a falta de experiência, não vou me aproveitar disso não. E no mais não desejo acabar com minha carreira de escritor, para ser tratado como pedófilo.
—   Malcom, faça isso, faça com que ela se interesse por rapazes da idade dela.
—Não sei se terei este poder, mas farei o possível.
— Ela disse que o senhor a respeitou bastante. 
— Fique         tranquila          Martha,           entendo
sua preocupação, e sei que não conhece meu caráter, mas com o tempo verá que eu não sou o tipo sedutor de menores. 
— Ela sorriu mais tranquila. E perguntou, quer dizer que você namora mulheres mais velhas? 
— Sim, tenho preferência por mulheres acima dos 30.E até acima dos 40, são mais maduras, sabem fazer tudo direitinho e dão menos trabalho e a grande maioria é independente financeiramente. 
— Malcom, mesmo assim sairá com a menina!
— Vou diminuir a ilusão dela.
— Vou lhe dar um voto de confiança.
— Obrigado Martha!
— Deixe eu voltar ao trabalho!
— Bom trabalho Martha- Sorriu Malcom, piscando…
Júlia estava eufórica, marcou cabelereiro, fez as unhas e cabelos, depilação´, queria ficar perfeita para Malcom.
Ao retornar do salão, encontrou Karen, sua mãe, — sentada na sala com expressão fechada, “cara de poucos amigos”, suspirando e procurando as palavras certas para conversar com a própria filha... Júlia percebeu o clima, e passou correndo para quarto, na esperança de evitar a mãe, mas Karen foi atrás.
  — Júlia preciso falar com você!
 A moça olhou para cima como quem reclama usando o próprio corpo mas quieta nada respondeu, apenas olhou fixamente para a mãe. No aguardo do que viria de negativo pela frente.
—Responda filha, qual é o motivo de sua vó, querer que eu arrume uma escola para você em Gemines, e leve você para viver no pensionato em que fico durante a semana, e só venha para casa contigo no fim de semana? O que você andou aprontando?
 — Nós nos desentendemos esta semana ...
— E por que razão? Quero ouvir de você Júlia!
 —Eu fui almoçar com um escritor, e a vó o julgou desconhecido, e que fui imprudente de entrar no carro dele, quando eu mal o conhecia. 
— E sua vó estava errada?
—Não... 
— Sua avó me contou que você foi se oferecer para o escritor, de se deitar com ele, feito uma mulher adulta, isto é verdade? 
— Sim, mas ele não quis nem sequer que eu entrasse não apartamento dele!
— Você é mulher, deveria se comportar melhor, não tem vergonha de me dizer isto, Júlia?
— Mãe, mas como você está sendo machista!
— Se eu fosse um rapaz, de dezesseis anos, você e a vó não enxergariam nenhum problema nisto. Você não está preocupada porque eu tenho apenas 16 anos, e sim porque eu sou mulher e na sua concepção, eu deveria me “comportar melhor”.  
— Enxergaríamos sim, problemas também se você fosse um rapaz, pois um rapaz filho meu, indo se oferecer a uma desconhecida num apartamento, dá na mesma preocupação, isto não é amor, é curiosidade pelo sexo!
— Mas e se for? Tenho de ser expulsa de casa? Passar a semana num pensionato? 
— Filha é normal a curiosidade na sua idade, mas ao menos, você deveria satisfazer a sua curiosidade com rapazes da mesma idade que você.
—Mas volto a dizer, estou apaixonada pelo senhor Malcom. E é ele que desejo.
—Júlia, preciso muito do meu emprego em Geminnes, escute filha, se você ficar com este discurso diante de sua vó, ela vai me obrigar a levar pra Geminnes. Você tem apenas 16 anos de idade, ainda vai fazer 17, está sob nossa responsabilidade. Tem que ter noção disto e o mínimo de bom senso.
— Está compreendido mãe, então vamos mudar as coisas, eu poderei ir jantar com o senhor Malcom esta noite? Só jantar, de lá voltaremos para casa, nada mais que um jantar, posso?
— Poder, pode, mas acreditar que ficará somente no jantar, Júlia... isto depende do comportamento do Senhor Malcom, pois se ele decidir algo mais, você vai aceitar rapidamente! 
— Vou lá no café, você quer ir junto?
 — Não mãe, não quero, vou ficar aqui, tem bastante coisa na geladeira, eu me viro.
Karen chegou no café, preocupada com o interesse de Júlia num homem mais velho.
Martha viu que o movimento estava muito fraco.
—Karen, vou fechar mais cedo hoje, estou exausta e o movimento está fraco.
—Você parece mais calma, mãe!
—Estou mesmo, o senhor Malcom veio aqui, conversamos, contei a ele a real idade de Júlia!
—Ah... mãe, você fez muito bem, a Júlia está mesmo muito vidrada nele!
Martha muito entusiasmada e vibrante comentou:
—Mas nós duas temos muito mais chances com ele do que a Júlia, pois ele me diz que prefere namorar mulheres mais velhas.
— Verdade?
—Sim Karen, ele dará fim nas ilusões de Júlia ainda hoje!
—Você parece bem feliz com isto mamãe, mas por que?
— Eu feliz?  Ora, mas é claro minha filha, já parou para pensar que Júlia podia entrar numa situação muito ruim para ela? 
—Sim, sim mamãe...
Karen desanimou de vez neste momento, pois teve ligeira percepção, sem provas cabais de que Martha também estava apaixonada por Malcom.
E Karen estava certa!
Então a partir da leitura de Karen acerca dos sentimentos da mãe e da filha, concluiu que avó e neta estavam muito entusiasmadas pelo mesmo homem! Isto apavorou aquela que era filha de Martha e mãe de Júlia ao mesmo tempo.
Martha emitia um brilho nos olhos muito especial quando se referia à Malcom. E agora se mostrava mais ríspida e agressiva com Júlia. Intolerante a qualquer coisa que a menina fizesse.
Karen voltou para casa, e ficou pensativa e incomodada, suspirando no sofá, da sala de visitas. Inquieta e sem saber o que fazer, para resolver esta situação, queria abordar o assunto, dos sentimentos de Martha, e mesmo assim, não se sentia no direito de afrontar a própria mãe, não tinha provas desta paixão. Seria tão irresistível este senhor Malcom assim? a ponto de enlouquecer duas mulheres de idades tão diferentes?
Ricardo, o irmão de Karen, morava na cidade litorânea de Focus, e estava chegando para passar o fim de semana na cidade de Taurus para ver a mãe.
Karen não desejava que Ricardo percebesse o interesse de Martha. Ele machista, não reagiria bem ao primeiro lapso de percepção, referente a aquela situação toda, tão nova e confusa.
Enquanto isto, Marta chegou do café e se trancou na suíte,  mergulhou na banheira com sais de banho, em lágrimas chorava angustiada e questionava a si mesma:
Eu só queria saber, porque estou fazendo isto comigo? Olhe para este rapaz, e olhe para mim!
Sou muito, mas muito mais velha mesmo!
Eu só queria saber porque estou me iludindo desde modo?
O que deu em mim?
Porque me encantei deste jeito?
Será a crise da meia idade?
O que espero disto?
O tempo passou tão rápido, estou aqui a desejar o impossível, a querer o inalcançável. O que deu em mim?
Não acho as respostas, nem o motivo de tanta paixão e desejo em tão pouco tempo, por alguém que vi apenas 3 vezes, apenas 3 vezes... sim isto é um absurdo e este mesmo absurdo está consumindo minhas horas. Não há mais paz, nem objetivos, só desejo e paixão, e a frustração de nada conseguir.
Não quero magoar a Júlia, mas vou lutar por esta paixão, vou lutar mesmo, pois a Júlia ainda tem uma vida pela frente, tem muito o que viver.  Eu tenho pouco tempo pela frente, quero este prazer.
Ricardo, sem nada saber chegou animado e sorridente, despachou a pequena mala, para o quarto de hóspedes, e percebeu o clima, perguntando:
—Aconteceu alguma coisa Karen?
— Não...imagine, porque?
— Está com uma expressão preocupada.
 — Impressão sua, meu irmão, não estou preocupada com
nada, está tudo bem!
Martha saiu do banho toda feliz e abraçou Ricardo com entusiasmo e carinho.
—Ricardo meu filho, que bom que você chegou, então Iremos jantar os três Hoje?
— Sim mãe, mas e a Júlia, não vai estar aqui hoje?
— Ela vai sair com um amigo dela para jantar.
—Amigo? Que amigo?
— Você não conhece.
— Ela é muito nova para sair à noite com um amigo homem, mãe!
— Karen a mãe, e autorizou.
 Júlia exagerava no zelo pelo qual se arrumava, estava se aproximando de chegar 7 horas da noite. E ficou à espera do senhor Malcom no lugar combinado. Malcom chegou com roupa nova esporte,  e olhar significativo de quem sabia alguma coisa a mais.
Não trocou nenhuma palavra com Júlia.
— Porque tanto silêncio Malcom?
—Estou pensativo hoje.
— Sim, no que pensa?
 — Pensando em levar você no cinema primeiro, e em
outro lugar, mas somente pessoas maiores de 18 é que podem entrar, você trouxe carteira de identidade?
— Mas que lugar? Não podemos ir para seu apartamento?
— Não, Júlia, lá é meu santuário, meu local de trabalho, no meu apartamento, não.
 — Malcom... Malcom, eu trouxe minha carteira de identidade na verdade, eu não tenho 18 anos.
— Como disse?
— Não posso apresentar minha carteira de identidade, tenho 16 anos apenas, mas se você pretendia me levar para um motel, então me leve para seu apartamento, eu aceito.
—Nervoso, Malcom falou firmemente em voz alta:
—Que tipo de caráter você pensa que eu tenho Júlia?
— Mas Malcom... Malcom, eu, explico ...
— Júlia, quem mente a idade, mente todo o resto, eu não confio mais em você!
— Oh Não Malcom, eu tinha outro objetivo, por favor, não seja tão duro comigo!
— Júlia, você não me oferece outra alternativa.
— Não posso acreditar que está se transformando em pesadelo meu sonho!
— Júlia, não tenho mais clima para o jantar, vou te levar de volta para casa.
Júlia desabou a chorar, não conseguia pronunciar uma palavra.
Malcom parou o carro em frente à casa de Júlia e disse:
—Ouça bem, eu compreendo você, mas infelizmente você é menor, e não pode me acompanhar.
Júlia humilhada e perdida desceu do carro e correu para casa, bateu a porta, Ricardo,  Martha e Karen jantavam.
Malcom saiu cantando pneus.
Júlia se trancou no quarto a chorar e não abria a porta. Karen aflita queria entrar e saber o que estava acontecendo.
Martha se pronunciou:
— Karen, deixe Júlia chorar, ela precisa deste momento sozinha, para repensar na mentira que contou ao senhor Malcom.
— Mas ela está sofrendo, mãe.
— Sofrer faz parte, minha filha, sofrer faz parte do amor. Talvez este sofrimento, seja bom para ela amadurecer.
Ricardo de forma meio grosseira e brava interveio:
— O que está acontecendo aqui Karen? Vocês podem me explicar?
— Júlia está apaixonada por um escritor rico e famoso, que está passando 6 meses aqui em Taurus, só que ela tem 16 e ele 30, e hoje ele descobriu que ela mentia a idade.
 — Ah, logo percebi que algo não estava correndo normal, nesta família, desde que cheguei, é impressionante como percebi desde início. Como você pode permitir ainda que sua filha ande na companhia deste aliciador de menores, me digam, aonde ele está morando? vou lá dar um soco na cara dele, quero quebra-lo todinho, sujeito sem vergonha!
— Ele não é um sem vergonha- disse Martha- Ele nem merece levar um soco, Ricardo, você não sabe todos os detalhes desta história, está cometendo uma injustiça!
Ricardo se recolheu ao quarto de hóspedes e ficou bufando de raiva.
Na manhã seguinte, Júlia acordou quando Martha entrou no quarto, dizendo-lhe:
— O desjejum está servido na sala de jantar. Quero você lá em dez minutos, precisamos conversar, eu, você sua mãe e o Ricardo. Seu primo também acaba de chegar.
— Muito obrigada, vó, mas o que eu quero neste momento, é morrer, agora café da manhã é o que menos preciso, na realidade eu preciso de veneno da manhã, eu quero morrer. Agradeceu e lamentou  Júlia.
— Júlia, mas o que aconteceu ontem?
— O Malcom descobriu minha real idade e me dispensou, nem jantar fomos.
— Ele mostrou ter caráter minha querida.
— Agora estou mais apaixonada ainda, vó!
— Isso vai passar minha neta, vai passar.
Martha satisfeita com o resultado da noite anterior, decidiu deixar Júlia na cama e no café da manhã contou o resultado da noite anterior à Karen e Ricardo, e o tio de Júlia ficou satisfeito com o resultado. E com o caráter de Malcom, lembrou da notoriedade do escritor.
Quarenta minutos mais tarde, já vestida, desceu à sala de jantar, sem trocar qualquer palavra com os demais que já terminavam o café.
A casa estava em completo silêncio. Às nove e meia da manhã, sendo domingo, pós decepção amorosa, era cedo demais.
E na grande e bem iluminada sala de jantar, encontrou uma única pessoa, João, seu primo, filho de Ricardo que veio ficar com o pai naquele final de semana, fazia 6 anos que eles não se viam.
Estava sentado à mesa, com um prato contendo torradas e queijo a sua frente, lendo jornal. João já tinha 19 anos, estava bem malhado e bonito.
Levantou os olhos quando ela entrou e a encarou com certa frieza.
— Bom dia — cumprimentou, sentindo-se nervosa e angustiada com a presença dele e sentando-se do outro lado da mesa. João resmungou uma resposta e, num gesto rude, voltou a se concentrar na leitura do jornal, mas lembrando-se de que, naquele instante, seu papel deveria ser o de hóspede da casa, colocou o jornal de lado e lhe ofereceu algumas torradas.
— Não, obrigada — respondeu Júlia. — Seu pai ainda está deitado? perguntou.
— Não, ele foi ler na sala de visitas junto com a tia e a vó.
— Quando chegou aqui João?
— Ontem logo depois do jantar- respondeu meio ríspido.
— Não o vi ontem, porque cheguei muito transtornada.
João mal-humorado e ciente de que a prima havia aprontado conflitos, na casa, estava sendo bem mal educado, ficou embaraçado com sua própria falta de educação.
— Meu pai vai se estabelecer em Taurus, hoje ele vai depois do almoço, olhar uma propriedade para comprar.
— Vão deixar de viver na praia?
— Sim, e isto está me mortificando por dentro, estou desconfortável com essa situação, gosto de viver em Focus. A neblina parece ter tomado conta de tudo hoje, não é mesmo? Você chegou para morrer ontem e hoje quem está para morrer sou eu!
  João ergueu um pouco os ombros, mostrando que isso que estava para acontecer, a mudança de Focus, para Taurus, não lhe interessava,  empurrou o prato, deixando claro que terminara a refeição.
— Quer mais um pouco de café? — indagou Julia, levantando-se e dirigindo-se ao aparador com sua própria xícara na mão.
Ele estava quase recusando, mas acabou dizendo, meio desajeitado:
— Sim, por favor.
Júlia serviu o café e após lhe entregar a xícara voltou a se sentar no mesmo lugar. Agora, seu primo João também parecia estar mais à vontade, e Júlia imaginou que, se as circunstâncias fossem outras, ela provavelmente teria gostado dele, como gostou de Malcom. Era jovem, atraente, inteligente. Tinha certeza de que ele também poderia ter gostado dela. Apesar de seus olhos expressarem antagonismo, revelavam também que João a achava atraente.
— Para ser sincera, me parece que todos nessa família dão importância demais ao dinheiro, e ninguém liga para sentimentos.
Júlia observava as plantas lá fora, sentindo uma vontade enorme de chorar. Ela nunca se sentira tão triste antes.
João se aproximou dela e disse:
— Que graça existe no amor, se ele só faz sofrer?
— O amor não faz sofrer, o que faz sofrer são as convenções sociais, criadas por seres humanos imbecis.
João riu e perguntou:
— Você vai continuar lutando por este amor?
Júlia não tinha a intenção de ser rude com o primo, mas naquele momento não estava interessada em fofocas. Quanto a seu relacionamento com Malcom, sentia-se totalmente dependente e sabia que João e todos daquela casa, ficariam chocados se soubessem do grau de dependência. Júlia nunca sentira nada parecido durante toda sua vida e, provavelmente, nunca iria sentir o mesmo ao lado de qualquer outro homem. Até então, os rapazes dificilmente conseguiam perturbar suas emoções. Duvidava também de que Malcom que atingiu as profundezas de sua alma, fazendo-a sentir-se abalada pela confusão amorosa, pudesse algum dia retribuir este sentimento.
No fundo sabia bem que aquele escritor já conhecera muitas mulheres e não iria se envolver seriamente com uma adolescente.
João e Ricardo voltaram para Focus.
Júlia continuou deprimida, isolada e solitária, Karen voltou ao trabalho e Martha no café, Júlia sentiu-se abandonada por todos e completamente sozinha.
A semana seguinte pareceu ser a mais longa de toda a vida dela. Ia automaticamente à escola, vivendo da esperança de reencontrar Malcom.
No decorrer da semana, Martha fez perguntas para Júlia, do tipo se   acaso reencontrasse Malcom, pois ele havia sumido do café se reencontrasse ao acaso, como o trataria, e fez mesmo, uma série de perguntas como metralhadora, recebeu apenas respostas monossilábicas e não demorou muito tempo para desistir de conversar com Júlia, Martha estava preocupada com a depressão de Júlia, e também  muito frustrada com o desaparecimento de Malcom, Júlia tinha certeza de que Martha achava que ela estava deprimida e tentou se mostrar alegre como sempre, mas não foi muito bem-sucedida. Júlia tinha planos secretos de reencontrar Malcom, sem ninguém saber.
Martha desesperada com o sumiço de Malcom do café, também estava começando a ficar em depressão.
Karen, assistente social, em Gemines, estava trabalhando
em um projeto social voltado para as comunidades precárias e tendo que passar o projeto social, para o papel, mas naquele momento, não conseguia, pois estava demasiadamente preocupada com a situação deixada na cidade de Taurus.
Dominique a psicóloga, colega de sala perguntou:
— Algum problema Karen?
— Não Dominique, apenas sem ideias, para encontrar as palavras certas, para meu projeto.
— Você parece tensa.
— Impressão sua!
Edson Ferrari apareceu na sala e disse:
— Meninas, iremos fazer uma festa de confraternização com os patrocinadores de nossos projetos sociais, o convite será extensivo aos familiares, acabei de confirmar o evento, será no próximo final de semana no Centro Cultural que fica na divisa de Geminnes e Taurus.
— Nossa que coincidência, bem aonde minha mãe tem um café, neste Centro Cultural, o café Mustang!
— O café Mustang? Pois é, a confraternização será na Tratoria Bortolletus, que fica ao lado do café de sua mãe!
Edson, o coordenador do projeto estava bastante animado, conseguiu apoio das duas prefeituras de duas cidades e também conseguiu apoio de empresários para prover melhorias ao povo da comunidade de Cascais. Chamado no trabalho de senhor Ferrari, era muito querido e respeitado por todos. Karen, achava que uma festa seria uma excelente oportunidade para Júlia conhecer outros rapazes e esquecer Malcom.
O escritor se concentrava em escrever o livro, e se inspirou justamente no tema de incêndio na comunidade, se preocupava e tentava descobrir qual comunidade queimariam, para poder denunciar à polícia. Fez a denúncia anônima de que haviam dois bandidos ao lado do apartamento dele, mas eles já haviam partido e ido morar na comunidade!
Ele se preocupava cada vez mais com as coisas e movimentos que viu a respeito dos criminosos que estiveram alojados no apartamento ao lado. Queria descobrir para onde foram, marcou o rosto deles. Se pudesse impedir a tragédia, faria.
Estava afastado do café e decidiu sair um pouco para tomar um pouco de ar.
Malcom, desejava ficar fora de encrencas.
Mas o destino sempre colocava ou Martha ou Júlia em seu caminho.
O celular tocou, era a editora Hangar, a secretária comunicou:
— Senhor Malcom? Como vai? Disse Tereza a antiga secretária da Editora Hangar.
— Estou bem animado com a obra, escrevendo muito, tudo bem por aí?
— Ficamos contentes por isto, por conseguir produzir tanto, mas estamos ligando para comunicar que haverá um evento em Taurus, no Centro Cultural Aline dos Carbos, na Tratoria Bortolletus, a nossa editora é uma das patrocinadoras de um projeto social em prol de comunidades carentes, e os patrocinadores mais os assistentes sociais irão fazer uma confraternização, o senhor Malcom como um de nossos escritores mais requisitados, e por uma incrível coincidência está em Taurus, deve de estar presente, será na próxima sexta-feira, às 19:00 horas e o  traje é social.
— Obrigado Tereza, irei comparecer sim!
Malcom ficou estarrecido, teria de ir na festa ao lado do café Mustang, justamente as imediações que gostaria de evitar comparecer. Mas não tinha mesmo jeito, iria reencontrar as duas “amigas” atrapalhadas e as evitaria, para manter-se longe de encrencas.
O dia festa chegou, a escolha de 50 convidados com acompanhantes, todos de bom humor e descontraídos, foi o que tornou aquele evento inesquecível.
Nem Martha nem ninguém, sabia que Malcom iria.
Os convidados chegaram no restaurante, Martha e Karen, observaram de início que havia uma reserva de mesa para Editora Hangar, sim Malcom estaria lá!
O coração de Martha disparou quando viu a Editora de Malcom lá, sabia que reencontraria o escritor.
A diretora da Editora, loira e magra elegante chamada Ester, já estava lá junto com os proprietários, Martha ficou enciumada ao ver aquela mulher.
Finalmente depois de 35 torturantes minutos, Malcom chegou, cumprimentou Martha de longe com um aceno e não deu atenção alguma para ela.
O jantar dançante seguiu animado e Ester pegou a sobremesa e lambuzou a testa e o nariz de Malcom com chantilly, eles beberam e riram muito, Malcom tirou Ester para dançar, Júlia chegou neste momento. Viu Malcom feito um palhaço dançando.
Martha estava com um nó na garganta a reparar Malcom o tempo todo grudado em Ester, e Júlia ficou muito aborrecida na festa, sofrendo a cada risada de Ester e Malcom na outra mesa. Todos se divertiam, menos Júlia e Martha.
“Dois palhaços...” Suspirava Júlia em pensamentos...
Vó e neta estavam mortificadas.
Karen percebeu tudo e se angustiou pelas duas. Temendo o dia em que Júlia descobrisse o que Martha nutria por Malcom.
— Vó, estou com dor de cabeça, quero ir para casa!
Martha imediatamente se levantou e disse:
— Karen, pode ficar se quiser, pois é a festa do seu trabalho, mas vou levar Júlia para casa, ela não se sente bem, nem eu, vou pegar um taxi, tome as chaves, fique com o carro!
— Tudo bem mãe, vá então!
As duas passaram de cara fechada, diante da mesa de Malcom e nem se despediram.
Em casa Martha completou:
— Eu disse Júlia, Malcom tem uma mulher!
—Não quero ouvir nada não minha avó, por favor  me deixe dormir em paz.
Julia ficou no escuro de seu quarto chorando, e Martha se trancou no quarto chorando também e pensando:
“— O que mais me irrita de verdade, neste Malcom e nos homens todos, é a hipocrisia. É a contradição da fala, a falta de vergonha e de bom senso. O que me irrita é a falsidade dele, se tinha esta loira, porque não contou antes? ficou seduzindo a mim e a minha neta. E se fazendo de bom caráter ainda respeitando a Júlia que é menor? A traição vem de quem anda do nosso lado e não dos inimigos. Traição é tudo aquilo que a gente faz contra quem nos quer bem. Traição é tudo aquilo que a gente faz contra a gente mesmo. Contra o que a gente acredita. As pessoas se traem e traem os outros, descaradamente. O Malcom nos traiu o tempo todo, o dia inteiro, sem dó, sem ao menos se desculpar por isso.Deixou que nos apaixonássemos por ele, achando que isso é bonito. Já passou da hora de eu parar, sim parar de ter medo, e assumir o que sinto. E assumir quem sou. Não quero assumir o que eu gostaria de ser, nem mostrar apenas o que é bonito. Vou assumir perante todos minhas falhas, expor meus defeitos e sentimentos. 
Júlia acendeu a luz e chorou sentada na cama com a porta trancada, enquanto a avó chorava no outro quarto,  escrevia em seu note book:
“Te amo pra sempre e pra nunca mais: Eu queria ter ficado na festa e ter dançado com você, mas você estava muito bem acompanhado de uma mulher elegante. Eu queria, mesmo. E eu tentei. Eu tentei muito, cara. Mas você me cansou com aquela cena ridícula a dançar com o nariz e a testa lambuzados. E não está dando pra tentar amar sozinha. Eu tentei abrir os teus olhos, cara, também sou mulher e me sinto preparada pra tudo já. O verdadeiro oposto de amar, é ser indiferente. E isso, você hoje foi, ignorando meu amor por você ao lado daquela loira oxigenada! E eu já desejei voltar no dia que te conheci só pra não ter te conhecido. E depois eu desejei te conhecer de novo, pra sentir aquele friozinho na barriga que - mesmo ferrando todos os meus planos - mais ninguém me causa, só você, todo o afeto que eu tive por você e mais ninguém. Mas não dá.  E eu te amo mesmo sabendo que nunca vou ter você.”
            E assim as semanas  foram passando e não havia nada que fizesse Júlia e Martha esquecer Malcom, mesmo sem convivência, mesmo com o afastamento e a decepção.

Capitulo IV

Júlia estava quase doente de tantas saudades de Malcom, adoecendo de paixão, estudava em frente ao apartamento de Malcom. No entanto nunca o via.
 A primavera chegou, e Júlia vestia saia xadrez, blusa branca, meias ¾, gravatinha, e malha marrom meia estação, era o uniforme da escola, hesitou um pouco, ao sair da escola, pois viu Malcom na porta do edifício.
Passou por ele com uniforme escolar, e sorriu!
—Malcom!
—Júlia!
Malcom também se encantava com Júlia... mas decidiu conversar melhor sobre os sentimentos dela e os objetivos dele, pela primeira vez convidou Júlia para entrar no apartamento dele.
— Vamos tomar um café?
 —No café Mustang?
—Não... na minha casa!
— Sim, eu aceito.
Os olhos da moça brilharam de felicidade!
Malcom preparou um café cremoso na máquina que tinha disponível no flat.
—Precisava conversar com você Júlia!
— Conversaremos então.
—Ao te ver de roupa de escola, uma menina linda, mocinha, encantadora, eu lembro da confusão criada, entre sua vó e você por conta desta paixonite sem rumo.
—Este assunto novamente?
—Não, não é esse assunto, precisamos resolver isto de uma vez por todas!
— Resolver de que forma? Se não for da minha maneira Malcom, nem perca seu tempo.
—Preciso ser sincero em lhe informar que não pretendo namorar com você nem agora e nem no futuro.
—Então me chamou para tomar um café, somente para me dizer a mesma coisa de sempre?
—Eu estou vendo que você está adoecendo com este sentimento.
—Mas como é que você está vendo?
 —Você emagreceu, visivelmente.
 —E você atribui o meu emagrecimento ao que sinto por você? Não se acha convencido demais senhor Malcom?
—Você é encantadora menina, mas é muito nova para mim!
Júlia, num gesto impulsivo, pulou no colo de Malcom, montada a cavalo em cima dele e o beijou na boca.
Ele não estava conseguindo resistir aos encantos de Júlia, correspondeu ao beijo numa tentação irresistível.
Júlia sentiu que Malcom estava absurdamente excitado. Mesmo assim, ele com força a tirou do colo dele e disse:
 —Está louca Júlia?
—Sim, louca por você, sorriu com ares de deboche. Tem razão, estou adoecendo por você, me cure, meu remédio.
—Pare com isto, eu não estou apaixonado por você Júlia!
 —Mesmo assim, quero que me faça mulher agora, chegou minha hora, independente de me amar ou não.
A moça ficou completamente nua e Malcom ficou completamente fraco diante da cena ...  Quase cedeu aos desejos de Júlia, e se sentiu muito culpado com isto.
— Nós estamos errando, Júlia, eu chamei você aqui para conversar e corrigir o que seria um erro, vista-se!
—Malcom eu não quero me vestir!
—Júlia, preste atenção, vou sair da sala, quando eu voltar, quero que já tenha saído daqui e batido a porta, ou ligo para sua avó e conto o que você está fazendo!
Júlia arrasada, ficou cabisbaixa nua na cadeira por dois segundos se sentindo humilhada, rapidamente se vestiu, saiu.
Saiu de lá sem trocar mais nenhuma palavra, foi para casa frustrada. Certa de que Malcom ficaria com ela, mas não ficou.
Enquanto isto, Martha se mostrava ansiosa no café com saudades de Malcom, nem suspeitava que a avó de Júlia rumando para terceira idade, não desejava apenas uma companhia, não é puritana como aquelas hipócritas que dizem não ligar mais para sexo, que isso passou com a menopausa, ao contrário, ficou mais vibrante sua sexualidade depois da menopausa, ficou mais ardente, mais livre, porém com Malcom não era apenas sexo, havia um sentimento “atrapalhante”. Hesitou em enfrentar isto, este incômodo que era o amor, mas pensou objetivamente neste sentimento num comparativo brilhante:
“Este amor que sinto por este homem que encanta a todos aqui, inclusive até  à minha própria neta que tem apenas 16 anos, nasceu em mim, e me veio tal qual um cão que me segue nas ruas, sim que me segue insistentemente, eu finjo que não vejo, eu ignoro mesmo, mas o cão me segue pedindo pra que eu sacie sua fome e sua sede, eu apresso o passo, dobro uma esquina, e olho de rapina, e lá está o cachorrinho faminto, abanando o rabo, pedindo acolhimento, com seu olhar pidão, me seguindo, assim é este amor que como cão abandonado me perturba com sua presença, implora que eu lhe dê algum destino...”
Neste romantismo todo de Martha, Júlia passou frustrada e descabelada correndo em frente ao café e rumou para casa, sem dar nenhuma satisfação à Martha, que viu a neta passar correndo e viu também, que a menina estava indo para casa.
Martha viu que o movimento estava tranquilo e decidiu procurar por Malcom.
Mas o escritor viu da janela Martha entrando no prédio, constrangido, com medo, achando que ela estava vindo cobrar alguma coisa em relação a Júlia, Malcom mandou imediatamente o porteiro, dizer à Martha que ele não estava.
Martha voltou frustrada para o café.
Ficou apavorado, mesmo de verdade.
Em pânico, teve a ideia de telefonar para o celular de Júlia:
— Júlia?
— Sim Malcom?
— Você está bem?
— Sim, apesar do que você me fez..
— Você contou para sua vó?
— Mas é claro!
— Contou? ah Júlia...
— Mas é claro que não! (Disse rindo).        
— Não disse nada a ela, Malcom, nadinha, de tudo o que houve entre nós,é com isso que você está preocupado? Com minha vó?!
—Não existe tudo, não haverá mais nada entre nós!
— Mas estou apaixonada!
— Júlia, ouça bem minha querida, você é muito jovem ainda, não vai gostar de saber, que nutro sentimentos por outra mulher.
 — O que? Quem é ela? Aquela loira da festa? (Perguntou Júlia com ar infantil, deixando Malcom com remorso). Diga agora.
Eu sei que você tem outra, mas eu não me importo.
— Não, não é a loira da festa, aquela é apenas uma colega de trabalho, agora não posso dizer quem  é a outra mulher, mas eu não quero mais que você faça o que fez hoje!
— Se sua única preocupação era saber se eu contei para minha avó, ou não, pode desligar Malcom, eu não contei, nem vou contar.
— Júlia, entenda, foi errado o que fez!
—Ta, tá... vamos desligar. ( irresponsavelmente desligou o telefone sem se importar com Malcom.
Perdido, Malcom decidiu enterrar a vida no trabalho e escrever muitas páginas do livro.
Dias depois deste episódio, carente e inconformada Martha foi até o apartamento de Malcom pedindo para falar com ele.
Ele resolveu atender, e ela sentada na mesma cadeira em que Júlia estivera há dias atrás, (ele se lembrou de Júlia nua sentada ali, riu por dentro e pensou: já pensou se a avó faz o mesmo que a neta?) Martha tinha seus encantos também, e um ar de dignidade e seriedade.
— Martha, não me leve à mal, mas estou muito ocupado escrevendo meu livro.
— Serei breve, Malcom, desejo que supere os conflitos iniciais, e sinta-se convidado para um lanche no café Mustang!  Não desejo ficar neste clima de frieza, e afastamento do que inicialmente seria uma linda amizade!
— Martha, está tudo bem. Não se aflija, vou aceitar seu lanche, aliás, vou aceitar agora, estou com fome, vamos para o café, já?
Martha e Malcom reataram a amizade.
 Martha também não conseguia seduzir Malcom que aborrecido com a avó e a neta, e ao mesmo tempo atraído, se sentia preocupado com o que podia resultar desta amizade.
—Malcom, eu te convido para passar conosco um fim de semana na praia de Focus,  temos residência por lá, vamos desfazer todo mal estar que existiu entre minha família, o café e você.



  1. Capitulo V


Resolveu dar um voto de confiança e aceitar o convite.Malcom foi de bom grado passar o fim de semana com Martha, Karen, Júlia na praia de Focus, Ricardo morava ao lado e estava sempre por perto, simpático foi recepcionar a todos:
—Bem vindos-  disse Ricardo apertando a mão de Malcom fortemente.
—Conhece Focus, Malcom?
—Ainda não.
— Aqui é maravilhoso, com cachoeiras do Ribeirão do Janjaú, descida da Serra, pela Trilha das Cachoeiras até a Praia Breu, passeios de barco até as Ilhas Desertas de Demix, Subida do Rio Juma, tem treino e mergulhos, termas de água quente na ponta da praia de mangais. Teleférico, museu histórico do povo nativo com suas lendas e contos, roupas típicas.  O que prefere fazer?
—Pelo visto, nesta cidade há atividades animadas e bem diversificadas, mas prefiro passear na praia mais próxima e ficar em casa quando não estiver na praia.
Júlia estava feliz com a presença de Malcom, mas já não estava tão apaixonada assim, pois adolescentes são bem volúveis. Um dia estão apaixonadas por um e uma semana depois, por outro.   Era manhã Julia queria dormir até mais tarde.
Martha saiu sozinha cedinho para caminhar na praia.
Malcom saiu atrás.
Martha vinha sofrendo ao imaginar como seria quando Malcom a tocasse de verdade. Conjecturava acerca de suas fantasias eróticas, seriam exageradas?  Será que a realidade se compararia aos sonhos?
Martha andava à beira-mar, com a água abaixo do tornozelo, exibia uma silhueta perfeita, e atraente, seus olhos escuros fitavam mar, ao longe se aproximava Malcom, e ela foi caminhando de encontro à ele na beira da praia, eles ficaram em silêncio lado a lado, se viraram de frente um ao outro e ela ficou de lado para o mar, ele ficou de frente para o mar.
 Uma onda forte, ao longe se levantou, nem chegaria perto deles, as mãos de Malcom instintivamente se agarraram às mãos de Martha, eles se entreolharam, Martha fizera o possível para lutar contra o desejo que tentava dominar seu corpo, mas agora que suas emoções estavam explodindo, não poderiam mais ser contidas, tentava dizer ao corpo e ao coração que não podia nem devia beijar Malcom, pois este era a grande paixão de sua neta, mesmo assim, olhou aos lindos olhos castanhos cor de mel, o jeito de garoto tímido que Malcom fez, então criou coragem e disse:
— Malcom querido, eu tenho que confessar algo, está difícil resistir ao desejo que eu tenho sentido por você!
Malcom nada respondeu, beijou os lábios de Martha devagar, como quem saboreava a mais doce uva.
O corpo dela vibrava, finalmente teria aquele homem!
Ele já estava em seu coração não poderia recusa-lo deixa-lo também estar sob a sua pele.
Mas o machista e conservador filho de Martha, Ricardo, apareceu do nada e bem devagar e em tom de braveza, franzindo a testa perguntou ao casal que pulou de susto:
— Mas o que é que está acontecendo aqui, mãe pode me explicar? Eu vi este canalha te beijando na boca, como pode ser uma coisa destas?!
— Calma Ricardo, eu posso explicar, em casa, não dê escândalos em público!
—Pô mãe, perdeu o Juízo? Gritava Ricardo escandalosamente fazendo eco na praia toda que por sorte estava vazia. Está tendo um caso com um cara mais novo que eu!
—Nã-não, meu filho... eu estou apaixonada pelo senhor Malcom, não fiz nada por mal, nem por falta de juízo! Nem para prejudicar você que não tem nada a ver com isso – Então... Malcom ficou assustado
Ricardo passou a gritar mais ainda:
—O que mãe? Mas a Júlia sua neta também está apaixonada, e você ridícula competindo com ela, ainda bem que fui em quem os surpreendeu e não a Julia, e você Malcom, seu sem vergonha, o que tem a dizer? Vai namorar avó e neta, é isso?
— Sinto muito, mas eu me sinto atraído pela Martha sua mãe, não posso dizer que não me sinta pela nada por Júlia... Ela é uma jovem muito bela... e...
Nesta explicação irritante, da qual Malcom confessava atração pelas duas, Ricardo não teve dúvidas, deu um soco forte em  Malcom que saiu rápido, correu em direção à casa de praia, arrumou todas as coisas dele, ofegante e muito nervoso, tomou uma ducha rápida e saiu de lá antes de Martha e Ricardo voltarem.
Ricardo e Martha pararam num quiosque para conversar, Martha chorava envergonhada e Ricardo continuava nervoso, Júlia dormia no sofá serenamente, parecia um anjo, Malcom não quis acorda-la, Karen preparava um café e perguntou, ao Malcom:
— Quer um café?
— Não Karen, agradeço a hospitalidade de todos, mas vou embora, estou nervoso e quero sumir daqui o quanto antes.
— Como assim?! Mas o que houve?
— Depois eu explico ou melhor, a Martha explica!
—Por favor, explique agora, você está fugindo!
—Explicar agora? Impossível explicar o impossível, não quero acordar a Júlia, você saberá de qualquer modo, Ricardo irá fazer estardalhaços mesmo...
Karen ficou apreensiva, largou o café e foi procurar pela mãe na praia.
—Ele ligou o motor, e o carro se afastou do meio-fio. Quando chegou à avenida, porém, ele virou o carro para o sentido oposto, e viu Martha passando no calçadão da praia, discutindo com Ricardo. Deu meia volta e decidiu sair da cidade de Focus.
Martha, desesperada, chorava muito, Karen chegou.
—Alguém pode me contar o que está acontecendo?

O senhor Malcom pegou as coisas dele, entrou no carro dele e saiu furioso!
Ricardo respondeu:
— O canalha está nervosinho é? Saiu furioso? eu é que estou furioso com aquele sem–vergonha! E quando eu for para cidade de Taurus, vou dar uma surra naquele traste, sabe o que ele fez? Ele estava beijando nossa mãe na boca!
Karen em silêncio pensou: “Eu já previa isto”
Martha interveio:
 —Chega Ricardo! Sou independente, pago minhas contas, estou apaixonada por ele, vou lutar, Ricardo, você não vai me impedir, seu desmancha prazeres. Você não manda nada em mim. Eu não admito!
Se Ricardo pudesse, bateria na mãe, mas saiu pisando duro.
Karen abraçou a mãe e as duas voltaram para casa.
Martha viu que Júlia ainda dormia, subiu e calmamente se arrumou, resoluta e de cabeça em pé disse:
—Karen, fique aqui com Júlia, amanhã venho buscar vocês duas, vou atrás de Malcom, pois seu irmão bateu nele, ele não tinha o direito de fazer isto!
— Está bem mãe, eu fico!
Júlia acordou e escutou apenas a parte em que Martha disse que Ricardo bateu em Malcom.
— Porque o tio Ricardo bateu em Malcom vó?
Karen e Martha ficaram em silêncio, sem saber o que dizer para Julia.
—Julia minha neta, vou explicar tudo a você, chegou a hora de dizer a verdade.
Karen interveio, dizendo:
— Mãe, vá para Taurus atrás de Malcom, eu conto tudo para Júlia e depois, converso com você.
E Martha saiu apressada.
Karen começou a chorar.
Julia olhava para mãe dizendo:
—Não venha me dizer que você mãe, está apaixonada pelo Malcom e tendo caso com ele, sim? Vocês dois tem quase a mesma idade e certamente que o tio Ricardo pegou o escritor em cima de você? Fazendo sexo?
— Claro que não né minha filha!?
—Então o que mais pode ser? Ele mexeu comigo enquanto eu dormia? Se o tio Ricardo bateu nele...
—Também não Julia... receio que não vai gostar nada.
— Então, Malcom é gay e tentou ter um caso com o tio Ricardo? E obviamente levou um soco.
— Pare com isso Julia, deixe eu falar logo, ele pegou sua avó Martha beijando Malcom na boca lá na praia.
—O que?! É sério? Como assim? Não posso acreditar numa coisa como esta, você só pode estar de brincadeira comigo!
—Sua avó está de quatro por ele, infelizmente se apaixonou por ele, tanto quanto você.
— A vó ficou louca? eu não aceito isto mãe, eu não aceito isto, é por isto que ela bateu no meu rosto? De ciúmes, não porque estivesse preocupada comigo, isto eu não perdoo, não mesmo!
Ricardo entrou na casa de Karen e perguntou:
—Já contou para ela, Karen, que vó que ela tem?
—Chega Ricardo, não compactuo contigo neste comportamento totalitário, você não venha colocar mais mágoas no coração da minha filha e dela cuido eu!
—Ah, Karen, não me diga que concorda com esta indecência da nossa mãe? Além do mais, Malcom serve de filho para ela, é mais novo que eu. Isto é muito ridículo
—Mas o que é isto Ricardo? Está falando de nossa mãe.
—Então, vai apoiar este tipo de coisa? Me responda!
—E se eu apoiar?
Julia desesperada se intrometeu:
—Mamãe! Eu amo o Malcom! Ricardo continuou olhou em direção da garota e disse:  —Julia, você pode vir morar com o tio se quiser, caso na casa destas duas loucas você se sinta meio perdida entre a falta de bom senso de sua mãe e sua vó!
Karen ficou transtornada!
—Ah não Ricardo, você não vai manipular a minha filha contra mim, e ela contra a avó, saia daqui Ricardo!
—Mãe só tenho uma coisa a dizer:
— Minha vó morreu para mim!
Júlia chorava desconsolada. Fazia um dramalhão sem fim, Ricardo saiu, mas antes fez um olhar de reprovação e critica.
A garota não parava mais de dizer que queria morrer.
Karen se cansou do exagero e sacudiu Julia pelos ombros e disse: —Agora chega deste drama minha filha, ouça bem o que vou dizer, você não tem culpa de ter se apaixonado pelo senhor Malcom, aconteceu sozinho, sem você querer, não é verdade?
— Sim mamãe, aconteceu sozinho!
—Ninguém manda no coração filha, e da mesma forma, aconteceu para sua avó, sem ela poder controlar!
Karen continuou:
—Alguém tem que fazer você entender, que sua avó, como mulher também tem o direito de gostar dele como homem, e digo mais, você não tem idade para viver um romance com ele, e sua vó tem idade e independência financeira total.
—Minha avó tem? Tem? ela já passou da idade isso, sim, ela é uma velha ridícula e louca.
Julia subiu as escadas do sobrado, bateu a porta do quarto e ficou trancada chorando em depressão total.
Enquanto isto Martha foi atrás de Malcom.
Chegou em Taurus e foi direto para o apartamento, mas Malcom não queria que ela subisse.
Em lágrimas, lá em baixo na rua, ela gritou bem alto, Malcom, Malcom, Malcom,  venha aqui!
Temendo um escândalo, sendo ele figura pública, mandou o porteiro do flat dar o recado para Martha subir. Martha entrou no flat, constrangida, e cabisbaixa, Malcom começou dizendo sério e firme:
            —Martha! O que mais vai me arrumar? Preciso ser franco em lhe dizer que não suporto mais tantos conflitos vindos de você, sua neta, seu filho, seu café, sua família! Oh...Martha eu tentei me afastar, eu tentei, na festa dos patrocinadores na Tratoria Bortolettus, eu nem falei com vocês a fim de evitar mais desastres e saí de lá, leve como uma pluma.
— Sim Malcom, você ficou o tempo todo coma mulher que você disse não ter.
—Eu fiz de propósito, mas saiba você, aquela mulher, não é minha mulher, ela é a diretora da editora de onde eu trabalho. Nada tenho nada com ela, mas fingi ter, justamente para me livrar de você e sua  neta, não sei quem tem menos juízo.
—Não me ofenda, e não se faça de coitado, você me seduziu, sim, quase me deixando louca com aquele beijo que você quase me deu. Eu me apaixonei por você, assim bem como minha neta, mas eu sou uma pessoa digna e decente, e séria, eu vou sair da sua vida, te esquecer já que eu te incomodo tanto!
Sei que sou mais velha e estou bancando a ridícula.
Martha começou a chorar e se arrumar para ir embora
Malcom se comoveu e disse:
—Espere Martha, desculpe, eu também nutro sentimentos e desejos por você! Não pela sua neta, você é linda, não sei a sua real idade mas, é muito linda, e de aparência jovem. 












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